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março 20, 2016

[Resenha] Sobre a coletânea de poemas O ar necessário, de André di Bernardi

Em parceria com a Editora Jaguatirica, recebemos o livro O ar necessário, de André di Bernardi, cuja sinopse e apreciação compartilhamos abaixo, em forma de poesia :) 


"É necessário que uma causa sentimental, uma causa do  coração  se  torne  uma  causa  formal  para  que  a  obra  tenha  a variedade  do  verbo,  a  vida  cambiante  da  luz. (...)  A vista  lhes  dá  nome,  mas a  mão  as  conhece."  (Gaston Bachelard, A água e os sonhos)


O que inunda os olhos é também parte da casa
como sombra de um móvel que 
num desenho de tarde cai e retorna
em um rastro de pálpebra e cortina

Na manhã seguinte transpira o poeta
que ao pé da página ensurdece
ao incômodo de um devaneio 
ou tradução de seus dias

Entre vozes e alfabetos
o texto encontra sua forma
e às mãos do verso se inclina
em um à-vontade que por vezes 
chamamos poesia

Ao contemplar o sonho e a natureza
o poeta-em-nós recobra o fôlego
às margens da palavra e de si

Neste encontro ou desvio
é possível que hajam novas histórias
e algum entendimento do agora
e também de nós mesmos


 
Sinopse: O ar necessário é o quinto livro de poesia do mineiro André di Bernardi. Assim como nos anteriores, André perscruta, pelas palavras, o indizível, o eterno, a partícula divina que se encontra em cada átomo do mundo: árvores, flores, bichos, gente. Em seus versos nobres, encontramos a beleza da simplicidade, a profunda intimidade com a terra e com o céu: os dois lados em que o impossível se manifesta.

O ar necessário é, na mão de André, aquele que insufla a vida, o mesmo que se esconde e se revela em rios, borboletas, pássaros e rosas. Em seus versos, é possível encontrá-lo ainda no vento, nas ondas, nas alturas, e também na maresia, na montanha, na soberba dos gatos. E sobretudo no coração das crianças.

Neste livro, André segue buscando aquela engrenagem feita de mistério e desacerto que sentimos presente em cada relâmpago, em cada incêndio. Como o poeta reconhece Tanta persistência e delicadeza só pode vir Dele, por mais que, tolos e ingênuos, os homens acreditem enxergar, embora cegos, acreditem em probabilidades e números, embora caminhem no breu, no desamparo.

É esta a beleza da poesia de André di Bernardi: seus poemas nadam no imponderável, dançam com o inusitado, atiçam o incontrolável e o insuspeito dentro de nós. Vislumbram uma presença sobre-humana, observam que é alguém que nos observa, antes e no lugar de tudo. Basta ler os versos di Bernardi e logo se balançam nossas certezas, feito jabuticaba madura, até que caiam do pé. 



Um pouco mais sobre o autor: 'Bernardi acredita que todos os poemas, de uma forma ou de outra, trazem/buscam um pouco desta sensação de respiro, alegria e encontro. E recorre a Mario Quintana: “Quem faz um poema abre uma janela. Respira, tu que está numa cela abafada, esse ar que entra por ela. Por isso é que os poemas têm ritmo – para que possas profundamente respirar. Quem faz um poema salva um afogado”.'


5 comentários:

  1. Em dias sombrios, como os atuais que vivenciamos, a poesia nos permite um momento de introspecção seguido de uma submersão mais leve e suave, renovando nossos ânimos para os dias vindouros <3
    Beijos!!!
    Gih | Blog da Gih (www.bloggihmedeiros.blogspot.com.br)

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  2. Que livro mais amorzinho, já quero hauhauhau tô precisando de livros nesse estilo para dar uma acalmada no estresse da faculdade. Amei a resenha flor, até mais.

    Davidson,
    http://www.meninoliterario.com.br/

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  3. Que lindeza menina Rebs <3
    Adorei essa capa, e que edição bonita.
    E suas resenhas sempre impecáveis.

    Um beijoo,
    Paloma
    surewehaveablog.com.br

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  4. Oi Reb!
    =)
    Tem uma edição linda esse livro. Amei essa capinha e eu adoro poemas, mesmo tendo me afastado um pouco. Esse poema que você destacou é lindo. Nao conhecia o poeta. E o Brasil tem é poeta bom, viu!
    Escritor Bom!
    Que Deus ajude a descobri-los cada dia mais (rs.).

    Bjão.
    Diego, Blog Vida & Letras
    www.blogvidaeletras.blogspot.com

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  5. Confesso que nunca aprendi a apreciar poesia, mas gostei dessa capa.
    Beijos,
    alemdacontracapa.blogspot.com

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