navegar pelo menu
julho 17, 2017

Fica mais um pouco | Uma crônica de Regiane Medeiros


“Deixa eu mimar você, adorar você
Agora, só agora
Porque um dia eu sei
Vou ter que deixá-lo ir”

Dia desses eu me lembrei de ti. Ou melhor, me permiti pensar em você. Sabe quando a gente houve uma música ou sente um cheiro gostoso e de repente é atingido por um milhão de memórias, de sensações? Foi mais ou menos assim que você surgiu em meus pensamentos e eu deixei ficar.

Deixei minha mente me enganar um pouco e senti novamente um certo arrepio, uma certa malemolência... Lembrei das suas palavras, da maneira como você dizia certas coisas e como isso me fazia sentir. E o quanto era bom me sentir tão... Viva. Desperta. Porque foi assim que você me fez sentir, como se eu estivesse adormecida durante um longo tempo e de repente, estava completamente alerta, com meu sistema sensorial totalmente desorientado e exacerbado de informações. 

Mas, tão intenso quanto chegou, você decidiu ir e desapareceu da minha vida, me deixando com muitas perguntas e uma confusão da qual não soube imediatamente como sair. Um tremendo bug no meu sistema nervoso.

Não demorei muito a seguir em frente. Estou acostumada a simplesmente erguer a cabeça e ir, mesmo que não saiba para onde. Também estou acostumada a esconder de mim mesma, sentimentos que podem me causar algum tipo de sofrimento ou prejuízo e ajo como se eles não existissem. Tenho doutorado em fingir demência quando não consigo lidar com algo. Dá certo na maioria das vezes, até que o tempo passa e eu consigo controlar essas ondas de nostalgia quando elas ameaçam me atingir.

Também sei quando chega a hora de me libertar de algumas coisas, de me esvaziar de alguns sentimentos, de filtrar determinados pensamentos.

Eu sei que já passou da hora de dizer adeus, mas dá uma dorzinha aqui dentro sabe? Talvez meu coração goste da sensação de se manter apegado a você, ainda que saiba que está na hora de deixar você ir. E eu vou deixar você ir. Em breve. Por enquanto, vou esconder você dentro de mim, talvez pela última vez, quem sabe? 

Quem sabe...

“O que mais posso fazer
Só te olhar dormir
Agora, só agora
Correndo pelo campo
Antes de deixá-lo ir”

Só Agora, Pitty – Chiaroscuro, 2009.

8 comentários:

  1. Aquela crônica que dá um arrepio na nuca. *-*
    Amei, Rê.

    ResponderExcluir
  2. Que crônica!!!! Quem nunca se viu assim!?!? Parabéns Gih!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada lindona! Prazer imenso te ver por aqui ❤
      Bjoooo

      Excluir
  3. Aí, que lindooo!!
    Tocante!
    De uma sensibilidade que você sempre demonstra em seus textos.
    Amei! Parabéns!
    Bjo

    ResponderExcluir
  4. Respostas
    1. Que alegria em ver emoções assim, sendo despertas!
      Bjoooo ❤

      Excluir

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial