Paris.1975.
Após a morte de sua mãe, a editora Camille Werner
passa a receber inúmeras cartas de pêsames em sua caixa de correio.
Entre elas, porém, uma sem assinatura ou remetente. E que,
surpreendentemente, revela a história de um menino chamado Louis,
descobrindo o amor ao se apaixonar pela vizinha de vilarejo chamada
Annie.
Aos poucos, Camille se vê envolvida e conectada com as
histórias, mas pensa se tratar de um engano ou de um método inusitado
utilizado por algum escritor para tentar
emplacar sua história. O tempo, no entanto, mostra que alguém está
realmente tentando lhe confidenciar fatos sobre um passado de guerra e
traição que ainda pode interferir - diretamente - no futuro.
(Sinopse de O Confidente, de Héléne Grémillon)

"A primeira carta que recebi de Louis estava na pilha da esquerda. O envelope chamou a atenção antes mesmo que eu o abrisse: era muito mais volumoso e pesado que os outros. O formato não parecia o de uma carta de pêsames.
Eram várias páginas manuscritas, sem assinatura."
(p. 15)
Paris, 1975. Em meio ao luto e condolências, a vida de Camille Werner reinicia. Como se até a menor das histórias comportasse um meridiano, a partida de seus pais seria o primeiro dos marcos irreversíveis. E sendo a dor este antes-e-depois de nós mesmos, um segundo evento igualmente desconstruiria a vida de Camille: uma sequência de cartas sem remetente, porém assinadas por Louis, um estranho narrador de eventos que tiveram lugar no período das grandes guerras do século 20. Apaixonado por Anne, semanalmente Louis compartilha em cartas toda a memória destes anos. Aparentemente sem propósito e conexão, Camille não entende o motivo de tamanha assiduidade em sua caixa postal. Era como se este desconhecido igualmente a incluísse como testemunha de sua narração. E com o desdobrar dos acontecimentos descritos, nossa protagonista entenderá que sua própria história talvez pertença a um impensável enredo. Poderiam as cartas de Louis então apresentar uma resposta ao que fora determinado pelas escolhas do passado e pela ação do impossível?
Camille Werner trabalha como Editora e talvez por isso tenha demorado a entender a conexão de tais cartas com o enredo de sua própria vida. Como imaginar que este não seria apenas mais um manuscrito de um autor igualmente desconhecido? O relato semanal de Louis, no entanto, era carregado de uma sensação de veracidade, ainda que trágica, onde inúmeros detalhes e eventos desta Paris entre-guerras poderiam ainda estar vivos neste contemporâneo-agora de Camille.
Em relação a forma e ritmo do livro, a maior parte da história é narrada por Louis, havendo uma tipografia própria para as cartas e outra para os comentários de Camille. Talvez em algum momento da leitura sintamos falta de uma maior intervenção de Camille; no entanto, enquanto leitores, temos a sensação de estar com as cartas realmente em mãos, acompanhando a cada parágrafo as confidências de Louis. Neste sentido, O Confidente é um livro um tanto 'documental', posto que não há outros personagens intervindo na maior parte de seu relato; porém, quando chegamos quase ao término do texto, certamente encontraremos uma 'dobra' nesta experiência: Camille volta a atuar como protagonista da obra, conectando-se inteiramente à história testemunhada, de modo que o livro encerra neste lugar 'cinematográfico' onde passado, ficção e presente tornam-se uma irreversível fronteira na vida de todos nós.
Para quem gosta de histórias que adicionam um elemento surpresa a cada minuto de sua narração, O Confidente certamente será uma obra que despertará sua atenção e vontade de leitura!
Em relação a forma e ritmo do livro, a maior parte da história é narrada por Louis, havendo uma tipografia própria para as cartas e outra para os comentários de Camille. Talvez em algum momento da leitura sintamos falta de uma maior intervenção de Camille; no entanto, enquanto leitores, temos a sensação de estar com as cartas realmente em mãos, acompanhando a cada parágrafo as confidências de Louis. Neste sentido, O Confidente é um livro um tanto 'documental', posto que não há outros personagens intervindo na maior parte de seu relato; porém, quando chegamos quase ao término do texto, certamente encontraremos uma 'dobra' nesta experiência: Camille volta a atuar como protagonista da obra, conectando-se inteiramente à história testemunhada, de modo que o livro encerra neste lugar 'cinematográfico' onde passado, ficção e presente tornam-se uma irreversível fronteira na vida de todos nós.
Para quem gosta de histórias que adicionam um elemento surpresa a cada minuto de sua narração, O Confidente certamente será uma obra que despertará sua atenção e vontade de leitura!


Em entrevista à Editora Aeroplano, Hélène Grémillon, autora de "O Confidente", comenta o processo de desenvolvimento do romance que é sucesso em toda Europa e que chegou recentemente ao mercado brasileiro. Acompanhe:
1- O Prefácio de seu livro é composto por pouquíssimas palavras: "O passado põe sua couraça de ferro e tapa os ouvidos com algodão do vento. Nunca se poderá arrancar-lhe um segredo", de Federico García Lorca, em "O pressentimento". Qual o significado deste pensamento para você?
HG: Em primeiro lugar, eu amo prefácios. Eu sempre os leio antes de comprar qualquer livro - é um primeiro passo para lê-lo, aliás. Não consigo me imaginar escrevendo um livro sem pensar neste suave preâmbulo. Por isso é tão importante - e tão difícil - escolher um, mas também é divertido. Como um jogo, é um momento que adoro. Este, em particular, eu escolhi após reunir uma série de pensamentos que encontrei em meu caminho nos jornais, livros, peças, enfim, na vida. Sentenças que se assemelhavam ao livro e ao que é contado. E quando finalizei "O Confidente", eu reli todas, e esta imediatamente me saltou aos olhos - é a quintessência de todo o livro.
1- O Prefácio de seu livro é composto por pouquíssimas palavras: "O passado põe sua couraça de ferro e tapa os ouvidos com algodão do vento. Nunca se poderá arrancar-lhe um segredo", de Federico García Lorca, em "O pressentimento". Qual o significado deste pensamento para você?
HG: Em primeiro lugar, eu amo prefácios. Eu sempre os leio antes de comprar qualquer livro - é um primeiro passo para lê-lo, aliás. Não consigo me imaginar escrevendo um livro sem pensar neste suave preâmbulo. Por isso é tão importante - e tão difícil - escolher um, mas também é divertido. Como um jogo, é um momento que adoro. Este, em particular, eu escolhi após reunir uma série de pensamentos que encontrei em meu caminho nos jornais, livros, peças, enfim, na vida. Sentenças que se assemelhavam ao livro e ao que é contado. E quando finalizei "O Confidente", eu reli todas, e esta imediatamente me saltou aos olhos - é a quintessência de todo o livro.
Acompanhe no Facebook da Editora Aeroplano a entrevista completa!


Héléne Grémillon, O Confidente
Chega a ser uma ideia assustadora, encontrar cartas de um desconhecido com freqüência, mas ela como editora deve estar acostumada. Pela sinopse e a resenha, poderia ser um bom enredo pra um filme. Os franceses são ótimos com isso. Beijo, beijo.
ResponderExcluirjá pensou que doideira receber carta de estranho? rsrsrs eu ia ficar com medo hehehehe adorei sua resenha :)
ResponderExcluireu não conheço essa editora, mas vou atrás ;)
beijos, Reb