Em parceria com a Global Editora, recebemos para resenha o livro 23 Histórias de um Viajante, de Marina Colasanti.
Sinopse: Um viajante chega a cavalo às portas de um reino onde um príncipe vive isolado do resto do mundo. Fascinado pelas histórias que o outro lhe traz, o príncipe decide acompanhá-lo na travessia de suas próprias terras. Enquanto avançam, o viajante conta. Narrar é viajar.
Como uma caixa que contém outras caixas, essas histórias se desdobram e se somam na construção de um sentido comum, surpreendentes por sua carga mítica, fascinantes por sua modernidade.
Levado pela linguagem poética de Marina Colasanti, o leitor empreenderá através delas a sua própria viagem.
Como uma caixa que contém outras caixas, essas histórias se desdobram e se somam na construção de um sentido comum, surpreendentes por sua carga mítica, fascinantes por sua modernidade.
Levado pela linguagem poética de Marina Colasanti, o leitor empreenderá através delas a sua própria viagem.
Tão altas as muralhas ao redor daquelas terras. altas como despenhadeiros, escuras como rochas. Quem mora atrás daquelas muralhas? Um moço príncipe e sua pequena corte. Por que tão altas, se é pouca a gente? Porque o moço tem medo. (p. 7)
O céu em toda a parte, vagaroso, como um espelho que em velhos contornos ensimesma. Ainda que turva, a mocidade é jovem escuridão, como a claridade um assombro para a retina.
Era um homem temporal, porém antigo. De nuvens cuidava, nos sonhos a espada, arquipélagos não mais. Após a morte de seu Nome, pouco guardara em seus domínios: a coroa e o manto, o deserto da história, alguns ouvintes. A cada manhã, o arisco sol e calendário o agraciavam em própria honestidade, e o coração do reino assim prosseguia.
Quando criança, iniciara em um mapa o traçado de suas terras, em contornos entreouvidos nos relatos da corte e da cavalaria; neste inventário de acres e artilharias, agora adulto e em batalhas ferido, o jovem Príncipe abriga-se na miopia dos sentidos, onde a memória dos campos afasta a dor e permanece, agridoce e verde, como os sabores da infância e a primeira geografia.
Em indeterminada manhã, o destino para o Reino acena, como janela que do alto se abre, em suavidade irreversível. Tendo nas mãos um escudo e um sorriso, o sentinela avista um estrangeiro, que às bordas do forte solicita passagem, para em seu cavalo em nômade jornada apenas prosseguir.
Neste mundo de fortalezas, um viajante poderia ser um intruso, ou um guardião de horizontes prometidos; no coração do Príncipe, o inesperado encontro era um revisitar de sua herança, e um cavalgar por novos desígnios. Decidira sair da torre e abrigar então o destino, e na manhã seguinte unir-se aos enigmas deste agora tão próximo estrangeiro.
Enquanto pela floresta cavalgavam, o viajante tornara o príncipe cúmplice de seus enredos. Nesta vontade de atravessar o mundo, compartilhar histórias era uma forma de reinventar-se, e pertencer a uma ficção de mundo e biografias; para o príncipe, entregar-se às fábulas era como navegar por incansáveis paisagens, que renascem às margens do que quando criança não pudera conhecer.
Em vinte e três histórias, o leitor encontra-se na voz do viajante, e com ele habita em um engenho de si mesmo. Em vinte e três quimeras, sentimo-nos como o príncipe, pioneiro em terras há muito desconhecidas. Na multidão de Marina, somos também corsários, entregues aos tesouros que suas páginas abrigam. E no momento em que não mais pudermos dizer eu, em fábulas de outrem lançaremos âncora, e teceremos raízes, porque a vida (a nossa e a do príncipe) simplesmente não se escreve sozinha.
Um viajante, disse em seu pensamento, um homem que anda pelo mundo, um homem para quem o mundo é um leque que se pode abrir. (p. 9)
Marina Colasanti, 23 Histórias de um Viajante
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Sobre a autora: Marina Colasanti nasceu em Asmara, na
Eritreia, viveu em Trípoli, percorreu a Itália em constantes mudanças e
transferiu-se com sua família para o Brasil. Viajar foi, desde o início,
sua maneira de viver. Assim, aprendeu a ver o mundo com o duplo olhar
de quem pertence e ao mesmo tempo é alheio. A pluralidade de sua vida
transmitiu-se à obra. Pintora e gravadora de formação, é também
ilustradora de vários de seus livros. Foi publicitária, apresentadora de
televisão e traduziu obras fundamentais da literatura. Jornalista e
poeta, publicou livros de comportamento e de crônicas, recebendo
numerosos prêmios como contista. Sua obra para crianças e jovens é
extensa e muitas vezes premiada.
Atualização em 17/04/16: Agradecemos à página Marina manda lembranças por gentilmente compartilhar o link de nossa resenha.
Atualização em 17/04/16: Agradecemos à página Marina manda lembranças por gentilmente compartilhar o link de nossa resenha.
Como já disse aqui antes, existem autores que simplesmente nos pegam pela mão e nos transportam para dentro do texto e em um breve instante, pelo vislumbre da resenha, já me vi caminhando ao lado desses dois, compartilhando histórias e a paisagem, prazer este inestimável!
ResponderExcluirBeijo, beijo
<3
A Menina que Não Para de Ler
Que lindeza de resenha Rebs♥
ResponderExcluirFiquei curiosa, e a edição parece ser lindíssima.
Um beijo,
Paloma
surewehaveablog.com.br
EAE
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