Como eu era antes de teu sorriso, à cicatriz das horas, do fôlego e da própria ferida?
Como eu era antes de teu fôlego, à luz da carne, dos ideais e de uma incerta alegria?
Como eu era diante de tuas razões, ao risco dos lábios e intenções que afugentam o dia?
Como eu era antes de olhar pra trás e...
Como eu era antes de entender você?
No post de hoje, a primeira parte de nossa reflexão a respeito da literatura de Jojo Moyes. Confira a resenha de nossa colunista Regiane para o romance de Lou e Will. E claro, o segundo post da série será um debate sobre o livro "Depois de Você". Aguardem :)

Por: Gih Medeiros
Eu sabia que seria difícil ler Como eu era antes de você, da Jojo Moyes. Como profissional de reabilitação física, já imaginava que conhecer a vida de Will Traynor me atingiria de diversas formas intensas. Por isso, foi com certo receio que iniciei a leitura, mas assim que me deixei envolver pela história, não consegui largar até ler a última linha.
Sob a voz de Louisa Clark, jovem inteligente, mas satisfeita com uma vida sem grandes ambições, nos deparamos com o panorama da família Clark, onde podemos nos identificar com a situação atual deles, que não é diferente da de muitas famílias que conheço, incluindo a minha própria, onde cada membro tem uma importância grandiosa para o sustento de todos.
Ao perder o emprego que julgava estável, Louisa é obrigada a ultrapassar seus próprios limites e procurar outra fonte de sustento. Sem muita qualificação, acaba aceitando o trabalho de cuidadora, que começa um pouco pior do que ela esperava. Isso porque a pessoa a seus cuidados é o mal humorado, sarcástico e inteligente Will, um rico empresário que foi confinado a uma cadeira de rodas, após um acidente de moto.
"Ser atirada para dentro de uma vida totalmente diferente - ou, pelo menos jogada com tanta força na vida de outra pessoa a ponto de parecer bater com a cara na janela dela - obriga a repensar sua ideia a respeito de quem você é. Ou sobre como os outros o veem" (pg 58)
A convivência entre ambos é desastrosa. Lou não consegue esconder as próprias emoções e tem dificuldade em lidar com a amargura que Will lhe direciona a todos os momentos, fazendo com que se sinta inábil e pouco inteligente. Will não consegue se adaptar a sua nova vida e se irrita com o excesso de cuidados com que o tratam, e mais do que isso, com a falta de sensibilidade das pessoas, ao ignorarem a sua vontade, como se a partir do momento em que perdeu seus movimentos, houvesse perdido a capacidade de decidir o que quer por conta própria.
Mais uma vez, Jojo Moyes consegue fazer com que haja uma identificação imediata com seus personagens, pois qualquer pessoa que já lidou com um portador de necessidades especiais, inicialmente se sentiu como Lou, e conheço muitas pessoas na mesma situação que Will, que se queixam das mesmas coisas, que lutam todos os dias para garantir não apenas sua independência física, mas também a capacidade de decidir por si só, o que querem para a própria vida.
Assim que ambos conseguem se entender, um novo mundo se abre para eles. Com seu jeito marrento, provocador, Will consegue estimular Lou a sair de sua zona de conforto e buscar desenvolver seu potencial para alcançar objetivos maiores, e com seu jeito direto e sincero, Lou enfrenta Will e o desafia a se tornar alguém mais gentil, mais generoso com o próximo. Duas pessoas tão distintas e singulares, quando se encontram, certamente provocam mudanças na paisagem interior de cada um.
E em meio à convivência diária, diante dos percalços que enfrentam devido às complicações do quadro clínico de Will, uma delicada história de companheirismo e amizade surge entre eles, desaguando no mais terno e puro amor. Só que nem sempre o amor é suficiente e essa é uma verdade universal.
Repleto de reflexões, Como eu era antes de você não se trata apenas de um romance entre um tetraplégico e uma garota com gosto peculiar para roupas, mas sim, de pessoas, quem elas são e quem querem ser; sobre a força encontrada na família diante das dificuldades e sobre a incapacidade de manter uma família de verdade quando não há amor uns pelos outros, nem amor próprio; sobre respeitar o indivíduo e suas escolhas e também respeitar os desejos do próprio coração.
"Você só vive uma vez. É sua obrigação aproveitar a vida da melhor forma possível" (pg 172)
Todos nós somos um pouco Will e um pouco Lou, mas acima de tudo, todos nós precisamos de um Will em nossas vidas, que nos instigue, nos impulsione, nos desafie, bem como precisamos de uma Lou, que nos confronte com a verdade e nos mostre que com otimismo e força de vontade, podemos realizar coisas impensáveis.
Certamente, esta é uma história que entrou na lista de favoritas e que vai me acompanhar por muito e muito tempo ainda. Espero que com vocês também.
<3
Sinopse: Aos 26 anos, Louisa Clark não tem muitas ambições. Ela mora com os pais, a irmã mãe solteira, o sobrinho pequeno e um avô que precisa de cuidados constantes desde que sofreu um derrame. Além disso, trabalha como garçonete num café, um emprego que ela adora e que, apesar de não pagar muito, ajuda nas despesas. E namora Patrick, um triatleta que não parece interessado nela. Não que ela se importe.
Quando o café fecha as portas, Lou se vê obrigada a procurar outro emprego. Sem muitas qualificações, a ex-garçonete consegue trabalho como cuidadora de um tetraplégico. Will Traynor, de 35 anos, é inteligente, rico e mal-humorado. Preso a uma cadeira de rodas depois de um acidente de moto, o antes ativo e esportivo Will desconta toda a sua amargura em quem estiver por perto e planeja dar um fim ao seu sofrimento. O que Will não sabe é que Lou está prestes a trazer cor a sua vida. E nenhum dos dois desconfia de que irá mudar para sempre a história um do outro.
JOJO MOYES nasceu em 1969 e cresceu em Londres. Estudou jornalismo e foi correspondente do jornal The Independent por 10 anos. Publicou seu primeiro livro em 2002, e desde então dedica-se integralmente à carreira de escritora.
Eu ja estive para ler esse livro diversas vezes mas sempre deixei para depois...mas lendo o seu post fiquei com vontade de tentar novamente. Obrigada.
ResponderExcluirCaso decida ler, venha discutir suas impressões conosco ;)
ExcluirBeijoooo
Oi, Gi!
ResponderExcluirVocê como sempre maravilhosa com as palavras. Adorei sua leitura para o livro, que realmente passa longe de ser apenas mais um romance com uma pegada "trágica". Li coisas absurdas sobre o livro na questão de a personagem principal e a família 'permitirem tão fácil' a morte do Will, uma questão que gera uma discussão grande e por que não importante, não é?
Algumas pessoas também criticaram a ideia de a Jojo criar um personagem que 'não representa a realidade deles, que sabem viver ou aprendem a viver normalmente com a deficiência'. Uma pena, porque a história, apesar de tudo, traz uma mensagem positiva sim.
Um B-jão, Gih e Reb.
Diego, Blog Vida & Letras
www.blogvidaeletras.blogspot.com
Di, tão bom conversar sobre temas assim com gente esclarecida rs. Meu trabalho consiste em ajudar as pessoas a alcançarem o máximo de potencial que suas limitações permitem, mas isso não muda o fato de que entendo que muitos não querem aceitar a sua nova condição, assim como Will. O tema em si é delicado e não se trata de concordarmos ou não com as escolhas das pessoas, mas sim, de respeitarmos o seu livre arbítrio, mesmo que haja divergências de opiniões sobre assuntos como esse S2
ExcluirBeijo, beijo!!!
Li sem esperar muita coisa, mas acabei gostando.
ResponderExcluirApesar de ser um romance, não tem apenas o foco nisso, vai muito além. E talvez por conta disso é que a história se torna tão linda e especial. Ainda não assisti ao filme, mas espero fazer isso em breve.
Beijos
http://recolhendopalavras.blogspot.com.br
Acho que a Jojo foi muito assertiva nisso, em não fazer dessa história um romance clichê e melodramático, foi bem realista e adorei isso. O filme ficou muito bonito, muito delicado e super vale a pena.
ExcluirBjo, bjo!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi, Gih e Reb!
ResponderExcluirTudo bem?
Depois de muuuito tempo, olha eu por aqui novamente.
Owww, que massa saber que vocês agora formam uma dupla porque eu gosto muito do trabalho de vocês com blogs.
Sucesso na parceria.
A minha irmã leu esse livro e ficou encantada.
Geralmente sempre escutei as pessoas falando do lado romântico da coia, mas gostei da análise da Gih em relação ao tema saúde.
A Gih já está virando especialista em Jojo rsrsrs
Vou esperar o próximo debate.
Beijo,
Hida
www.blogdahida.com
Hida, querida!!! Sempre um prazer trocar ideias contigo sobre qualquer assunto <3
ExcluirE Jojo já se tornou uma das autoras favoritas da vida hahahaha vai ter muito debate sobre Jojo sim senhora!
Beijo grande e sucesso na nova fase do seu blog!!! <3
Oi Gih!
ResponderExcluirNão li ainda o livro, só vi o filme e chorei horrores. Estou me preparando psicologicamente para ler porque é uma história profunda, com personagens complexos. Espero poder gostar da leitura como você!
Linda a resenha <3
Bjs, Mi
O que tem na nossa estante
Obrigada Mi! Assisti o filme depois de ler o livro e achei tão encantador quanto, acredito que você vai gostar. De qualquer forma, quando tiver lido, venha nos contar suas impressões ;)
ExcluirBeijo, beijo!!!
Oi Rebeca e Gih!
ResponderExcluirEu li o livro e amei!! Vi o filme na semana passada e também gostei, cortaram algumas partes desnecessárias (como a briga da Lou com a irmã) e ficou fiel ao livro.
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros