Segunda-feira, sol espesso na fresta do quarto e no asfalto da avenida. Quisera na pele o leve inverno de algumas semanas, porém, às vésperas do verão, a claridade cega a paciência, e consigo traz o suor, a enxaqueca e o post ranzinza.
Para administrar as dores deste sol-eterno por vir, carrego na bolsa um pequeno kit de sobrevivência em terras do Rio. Aos que também sofrem nesta época de alta produção de melanina, compartilho algumas dicas de produtos para uma menor sofrência - e claro, também alguma poesia a seguir.
Na foto acima: 1) minha inseparável caixa de Advil, 2) Bepantol líquido para hidratar o rosto (tentei o uso costumeiro das gurias dos blogs de beleza, no caso, borrifando nos cabelos, pra dar aquele ar de voltei da praia e tô linda, mas... não rolou. Acho que só pra quem tem cabelo liso mesmo. Não sei), 3) Protetor solar com cor La Roche-Posay (olha, te dizer que to achando melhor que B.B. Cream, viu? Produto leve, textura líquida que não escorre, e pelo menos no meu tom de pele deu pra cobrir alguns avermelhados e manchinhas), 4) Protetor labial Cicaplast, também da La Roche-Posay (pra quem - infelizmente - tem que trabalhar no ar condicionado polar, taí um produto com uma ação melhor que a dos protetores em formato bastão/batom) e 5) Óculos de sol de uma lojinha aqui do Rio, a Loucos por Óculos, que tem vários modelos moderninhos + preço de ótica de bairro mesmo, super recomendo! Ah sim, faltou na foto uma garrafa d'água e o protetor solar para o corpo. Acho que é isso.
Pois bem. De volta ao verão, inevitável também é a lembrança das canções de veraneio. Nesta multidão sonora, algumas estrofes até versam poesia, enquanto outras revelam para o Brasil o calor nada poético do Rio de Janeiro:
"Eu só queria te contar / Que eu fui la fora e vi dois sóis num dia / E a vida que ardia sem explicação"
"Rio 40 graus / Cidade maravilha / Purgatório da beleza e do caos"
"Essa noite eu quero te ter / Toda se ardendo só pra mim / Essa noite eu quero te ter / Te envolver, te seduzir"
"Rio 40 graus / Cidade maravilha / Purgatório da beleza e do caos"
"Essa noite eu quero te ter / Toda se ardendo só pra mim / Essa noite eu quero te ter / Te envolver, te seduzir"
E felizmente, bem mais que felizmente, a literatura vem para nos salvar de todo cansaço da estação! E se você tem no bolso algum pensamento sobre o verão, compartilha com a gente nos comentários também! :)
No entardecer dos dias de Verão, às vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa, um momento, uma leve brisa...
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...
Ah, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão ...
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida
E nem repararmos para que há sentidos ...
Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma cousa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
Se não houvesse imperfeição, havia uma cousa a menos,
E deve haver muita cousa
Para termos muito que ver e ouvir ...
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XLI"
(Heterónimo de Fernando Pessoa)
Provavelmente não virei montado...
Esta é a cidade em que te vi passando
Esta é a cidade que me viu sofrendo
Esta é a cidade que trilhei fugindo
Metrópole fatal, hosana! hosana!
Esta é Copacabana, ampla laguna
Curva e horizonte, arco de amor vibrando
Suas setas de luz contra o infinito.
Aqui meus olhos desnudaram estrelas
Aqui meus braços discursaram à Lua
Desabrochavam tigres dos meus passos
E as sereias por mim se consumiam.
Copacabana! praia de memórias
Quantos êxtases, quantas madrugadas
Em teu colo marítimo! esta é a areia
Que tanto enlamacei com minhas lágrimas
Aquele é o bar que freqüentei. Vês tu
Aquele escuro ali? É um monumento
Cone de sombra erguido pela noite
Para marcar por toda a eternidade
O local onde, um dia, fui perjuro
Ao teu amor. (...)
Esta é a cidade que me viu sofrendo
Esta é a cidade que trilhei fugindo
Metrópole fatal, hosana! hosana!
Esta é Copacabana, ampla laguna
Curva e horizonte, arco de amor vibrando
Suas setas de luz contra o infinito.
Aqui meus olhos desnudaram estrelas
Aqui meus braços discursaram à Lua
Desabrochavam tigres dos meus passos
E as sereias por mim se consumiam.
Copacabana! praia de memórias
Quantos êxtases, quantas madrugadas
Em teu colo marítimo! esta é a areia
Que tanto enlamacei com minhas lágrimas
Aquele é o bar que freqüentei. Vês tu
Aquele escuro ali? É um monumento
Cone de sombra erguido pela noite
Para marcar por toda a eternidade
O local onde, um dia, fui perjuro
Ao teu amor. (...)
Vinicius de Moraes, 2004 (excerto)
Leia o poema completo
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Nem Fernando Pessoa, nem Vinícius de Morais, nem Cassia Eller vão conseguir a proeza de me fazer gostar dessa estação. OK, é hora do povo bonito se esbaldar, mas calor só é bom pra quem pode curtir uma praia, para os encarcerados da selva de pedra como eu, o verão só traz sofrimento (vou reclamar sim, e se achar ruim, reclamo mais ainda _ _'). Também faço uso de alguns produtinhos, mas sou mais básica, tenho um protetor de efeito matte da Renew que super salva meu rosto das queimaduras solares (no deslocamento entre um trampo e outro, o calor do sol combinado ao mormaço que sobe do asfalto são piores que um dia rolando nas areias de Mongaguá), e os óculos básicos para proteger as retinas. Mas, por piores que sejam os efeitos solares, o que realmente me preocupa nesta época são as tempestades do meio da tarde. Ontem mesmo, a água invadiu meu apartamento, derrubou árvores na região e provocou alagamentos em vários pontos da cidade onde resido. Por mais que a população tenha sua parcela de culpa por não cuidar como deveria do lixo, o volume de água está absurdamente alto, causando transtornos além da capacidade de resolução que temos atualmente. Acho que aqui vale também um alerta urgente (mais uma vez) sobre o aquecimento global. Enquanto não nos conscientizarmos sobre o consumo inteligente e a poluição a que submetemos a natureza, a situação só vai piorar. Sorry pelo desabafo, mas eu de fato estou preocupada com a situação da cidade onde moro e com os efeitos do verão que está por vir. Espero estar enganada, é claro.
ResponderExcluirBjos
Sei bem, Gih. Aqui em Copa qualquer chuvinha de 5 minutos transborda bueiros. E como no verão chove todo o acumulado de um mês em 22 minutos, a enchente vai na altura do joelho, o busão fica entalado por 3 horas na avenida, e com certeza a natureza, as encostas e a vida de milhares de pessoas desabam.
ExcluirComplexo, complexo... Dá uma tristeza mesmo :/
Que lindo ver o Vinicius no seu post, Rebeca! Sou muito fã do Poetinha e ele é a cara do nosso Rio. Sou muito dividida em relação ao verão... Amo frio e dias cinzas, detesto ficar suada e não me sentir confortável o bastante com nenhuma roupa do armário... Mas, ao mesmo tempo, dar um passeio pela nossa cidade num lindo dia de céu azulzinho é uma das coisas mais gostosas da vida. Sempre com um kit parecido com o seu claro! Hahahaha!
ResponderExcluirBeijos, Entre Aspas