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dezembro 11, 2016

Uma semana e(m) um dia #8


Rebeca 

I promise you and I will see it through
You lay dreaming?
The endless light you shine on me
All I needed

(Tesseract, Tourniquet


Compartilhar a solidão e o falsete, e não o melhor de nós mesmos. A indefinição não é o que esperam de nós, um caderno de sombras não é o que você espera de mim. 

Em um canto de boca palavras se despedem. Em roucas páginas fora de ordem, a vida é um espelho que por vezes entristece.

Alguns encontros acontecem assim: o silêncio é um quarto onde habitam os surdos, e nesta multidão conhecemos o mu(n)do. Em desalinho em rascunho em desacordo em que seja.

Acho que a semana de todos foi meio assim, vagando em seu próprio tumulto.

Post #8 da série. Os anteriores estão no link.


Bruno


Não saí de casa esse fim de semana, o que me fez muito bem. Resolvi voltar ao (básico) estudo de língua alemã, idioma que eu abandonei os estudos após falta de tempo e paciência. Por incrível que pareça (ou não), a coisa que mais me fascina na cultura alemã e austríaca não é falado em alemão, e sim no idioma universal da música: a música clássica. Então, meus agradecimentos a esses países que nos deram Bach, Beethoven, Brahms, Mozart, Schumann, Mendelssohn, Wagner e tantos outros que eu ainda não tive o prazer de ouvir.  Segue o link de uma obra prima de Mendelssohn: Op 64 Concerto para violino em mi menor



Jonatas

Nossa vida é escrita e reescrita continuamente, como um sonho do qual despertamos sem saber que estamos em outro sonho, em camadas sucessivas, sem fim. Apesar de a escolha do caminho deste campo onírico depender da dimensão de nossa vontade, há certa grandeza indeterminável que nos assalta de surpresa, coisas tão óbvias como a perda de pessoas que amamos.

Desculpe-me se não trato hoje do que de fato deveria falar: o livro que estou lendo, algum museu ou parque que visitei, músicas favoritas e comoventes, filmes interessantes etc. etc., mas não sou capaz de distinguir a arte que aprecio da vida que me atravessa, como sempre me ensinou um grande amigo que perdi nesta semana. Segundo ele, nossos sonhos estão em um contínuo crescimento, uma ave que sobe infinitamente por um céu de um azul que nunca se acaba, ou um peixe que submerge e submerge sem nunca conhecer os limites da escuridão do mar. “Jonatas,” ele repetia. “O sonho sempre aumenta, ele sempre aumenta”. Confesso que nunca compreendi bem o significado daquilo. Quando me encarava com aqueles olhos arregalados da extensão do horizonte e sorriso de uma criança que acabou de descobrir o motivo de o céu ser azul, eu apenas concordava. Sempre me impressionava com a forma de meu amigo dizer, talvez por entender que ele também se impressionava com a minha própria forma de dizer as minhas palavras. “Jonatas”, repetia depois de dar um tapa nas minhas costas. “Você é muito maluco”, e ria um riso que passava pouco do seu interior, como se ecoasse em uma caverna sem fundo.

Acho que meio que percebia algo de familiar no reflexo daqueles grandes olhos de Buda. Talvez fosse isso que ele quisesse dizer. Cada vez que voltamos para casa naquele largo trecho de estrada que o ônibus percorria, talvez estivéssemos de certo modo um crescendo nos olhos do outro. Não sei. Não tenho certeza se era como ele afirmava, se estávamos crescendo, mas atesto que além de dois caras voltando para casa, éramos rastro meio consciente de nossos próprios sonhos.

Sei que conjecturar aqui não é tão pertinente e adequado, mas Gulever me mandaria aos infernos se me abstivesse de me expressar o que desejo por causa de mera formalidade. Então, em honra dele, digo: creio que seja a inevitabilidade da morte, essa é a palavra, que a inevitabilidade da morte outra misteriosa dimensão de grandeza à vida. Ela nos revela a certeza da eternidade, e há uma grande chance de jamais saber o porquê, nem mesmo depois de minha própria morte eu vá saber. Enfim. Tenho certeza de que Gulever gostaria muito de ouvir isso. E de certo modo, ouvir isso de mim mesmo é como se ele ouvisse. Você sabe. É impossível que se vá a parte dele que eu guardei aqui, dentro de mim. Estamos no mesmo sonho. Não há como fugir. Fico feliz em saber de tudo disso.



Regiane

Onde moro não tenho oportunidades de participar de Clubes de Livros, uma prática tão antiga e ao mesmo tempo tão pouco difundida em nossa atualidade.

Era muito comum em algumas sociedades a leitura coletiva como forma de distração e até mesmo como evento social. Não me refiro aos saraus, onde artistas de todos os segmentos se unem e compartilham seus trabalhos, mas entre famílias, onde todos se reuniam para jantar e, em seguida, para a leitura de clássicos atemporais, prática comum em países europeus antes da Revolução Industrial mudar a maneira como as pessoas gastavam seu tempo e posses. Também existiram pequenas sociedades literárias compostas por mulheres em momentos complexos da história americana, como o período da Guerra Civil, onde as mulheres não tinham outras atividades além do cuidado com a família e serviços religiosos. A leitura proporcionava a elas distração e aquisição de conhecimento, além de lhes fortalecer o espírito na espera do fim de um período tão nebuloso.

A leitura tem um grande poder social e por isso é tão triste que não seja uma ferramenta mais utilizada atualmente, para cumprir esse papel de forma mais efetiva. Mas, nem tudo está perdido! Acompanhando alguns amigos na internet, já vi duas iniciativas de leitura coletiva que tem tido sucesso. Uma delas tem como moderador o lindo do Diego do Blog Vida e Letras, onde a cada mês é possível trocar ideias sobre livros dos mais variados gêneros e autores. Outra iniciativa bacana é o #LeiaMulheres que conheci através da Ilmara do Blog Conversa de Livro, cuja proposta é discutir textos escritos por mulheres. E coincidência ou não, ambos acontecem na Bahia - arretados esses dois viu?

Mas falei tudo isso porque, como afirmei no início, não tenho essas oportunidades por aqui (tão perto e tão longe do Centro de São Paulo tsc tsc, c'est la vie), então me resta apelar pra leitura coletiva na internet mesmo - risos - e que bom que tenho amigos para isso. Aproveitando a chegada do clima natalino, a Stephanie do Ig @stebookaholic propôs a leitura do livro O Presente do Meu Grande Amor, composto por 12 contos natalinos escritos pelos autores mais influentes do cenário Young Adult atual - tem Rainbow Rowell, Gayle Forman, Jenny Han e David Levithan, só para vocês terem uma noção da qualidade - e organizados pela Stephanie Perkins que também está muito bem cotada no gênero.

Esse livro estava escondidinho na minha estante, embalado ainda e, para minha vergonha, sem previsão de leitura devido ao meu TOC particular de pegar os livros da estante para ler na ordem em que estão dispostos: por ordem alfabética de sobrenome do autor. Eu sei, loucura!!! Por isso resolvi participar dessa leitura coletiva, e confesso que estou me surpreendendo.

Também é a resposta a um pedido da minha amiga Rebeca para ler mais YA - não tenho culpa se as narrativas do gênero são em sua maioria feitas pela mocinha, o que já me faz desistir antes de começar (gargalhadas). Podem xingar, eu deixo!!! Mas, como os contos são curtos, talvez eu supere essa minha aversão. Nada como um bom desafio literário para nos instigar nesse período de cansaço extremo do ano.

Enfim, só para constar, já li os dois primeiros contos e são realmente mágicos. Como o Natal deve ser.

Ótima semana com ótimas leituras.
Beijos!!! 

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