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janeiro 17, 2017

Poesia no Papel # 3 | Cora Coralina


Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, foi uma poetisa brasileira nascida a 20 de agosto de 1889, na antiga Vila Boa de Goyaz, hoje, Cidade de Goiás.

Cora estudou até as primeiras séries e desde muito cedo passou a escrever nos jornais de sua região. Em 1910 publicou o conto “Tragédia na Roça”, recebendo assim sua primeira crítica literária. Durante a juventude, casou-se e conheceu uma nova vida no interior de São Paulo.

Com a morte do marido, Cora passou a vender livros e quitutes para o sustento de seus três filhos. Em 1956, retornou para Goiás.

Ao completar cinqüenta anos de idade, Cora deixou de atender pelo nome de batismo e assumiu o pseudônimo que escolhera para si há muitos anos.

Em toda a sua vida, Cora não deixou de escrever, e produziu poemas ligados à sua história, à sua terra Goiás e ao cotidiano simples e digno que por mais de sete décadas pôde viver.

No post de hoje, nossa lembrança e homenagem a esta tão estimada poeta :)



Das Pedras

Ajuntei todas as pedras
Que vieram sobre mim
Levantei uma escada muito alta
E no alto subi
Teci um tapete floreado
E no sonho me perdi
Uma estrada,
Um leito,
Uma casa,
Um companheiro,
Tudo de pedra
Entre pedras
Cresceu a minha poesia
Minha vida...
Quebrando pedras
E plantando flores
Entre pedras que me esmagavam
Levantei a pedra rude dos meus versos.



Assim eu vejo a vida

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.




Aninha e suas pedras

Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.







Simples, muito próxima do gosto do povo, fluindo com naturalidade, a poesia de Cora Coralina encontrou uma imensa receptividade popular. O segredo talvez esteja no fato de que os seus versos dizem o que as pessoas sentem, mas não conseguem expressar, e na grande simpatia pelo semelhante, sobretudo os humilhados e perseguidos.


3 comentários:

  1. ADORO a Cora Coralina. As poesias são doces, dessas que tocam o coração numa profundidade que a gente não compreende bem (e precisa?), mas sente lá dentro!
    É linda a obra que ela construiu ao longo da vida!

    Parabéns pela iniciativa de fazer um post não só sobre poesia, mas sobre uma poetisa! :D

    Amei essa pausa poética no meu dia.

    Beijos,

    Algumas Observações

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  2. Rebeca, oiii!
    Criei uma tag e te convidei para responder :) Acho que nunca vi nenhuma tag aqui, é verdade, mas seu blog é meu preferido de livros, então não quis deixar de fora. ;)
    Bjos!!

    ResponderExcluir

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