Dostoiévski faleceu em fevereiro de 1881. Meses antes, por nossa sorte, havia concluído uma de suas obras mais reverenciadas: Irmãos Karamázov, que foi publicado em folhetim com seu término em novembro de 1880. Passam-se os anos mas seu trabalho jamais poderá ser classificado como ultrapassado devido a sua capacidade de retratar características universais recorrentes da essência humana.
A história, que foi publicada ao longo de quase dois anos na revista "O Mensageiro Russo", é hoje dividida em quatro partes, todas presentes na belíssima edição da Martin Claret.
A narrativa de Irmãos Karamázov, como o título sugere, tem o enfoque na vida de Dmitri, Ivan e Aliócha, e como suas personalidades distintas resultam em escolhas totalmente diferentes dentro da imensidão da Rússia Czarista do Século XIX.
O romance desenvolve-se predominantemente na figura de Aliócha, o irmão mais novo que demonstra uma alma pura, um rico desejo de ajudar o próximo, e encaminha-se para seus votos religiosos, decisão inesperada por aqueles que conhecem a família, pois o caçula mostra que é o exato oposto de seu pai, Fiódor Pavlovitch Karamázov, um monstro libertino, difamado por sua vida libidinosa e rígido controle das finanças herdadas de suas duas falecidas ex-esposas - convém, além disso, ressaltar boatos que Smerdiakov, o excêntrico servo da família, seria filho bastardo de Fiódor.
Ivan, possuidor de distinta inteligência, é, no entanto, egocêntrico e não se importa com a vida de seus irmãos. Dmitri herdou de forma mais direta as características de seu vicioso pai, embora, ainda que não fosse tão maléfico quanto o progenitor, apresenta a ganância e ira que fazem aqueles ao redor perceberem se tratar de um "Karamazov". É como portar uma herança maldita, independente do contrabalanço feito pelo ingênuo Aliócha.
Uma trama tão extensamente desenvolvida não poderá aqui ser resumida em uma simples resenha de poucas palavras, entretanto, os acontecimentos cruciais para o desenrolar da história envolvem a insistência de Dmitri em receber uma herança prometida por seu pai , enquanto Aliócha aproxima-se cada vez mais da vida consagrada e Ivan luta para controlar o exasperado amor por Katerina Ivanova, noiva de seu irmão mais velho.
O leitor é contemplado com ricas informações da cultura e cotidiano russo, todavia, sentimentos universais são apresentados através dos agudos devaneios e anseios característicos do romance psicológico, além dos excelentes sermões do padre Zosima, com genuínas e profundas reflexões filosóficas. Há de se ressaltar também narrativas emocionantes como a do jovem enfermo Kólia que preenchem o livro e tornarão a proximidade com aquele cotidiano ainda mais viva.
"Sobretudo, não minta a si mesmo. Quem mente a si mesmo e ouve a própria mentira chega a não distinguir mais a verdade, nem em si, nem no mundo ou ao redor; então perde o respeito por si mesmo e pelos outros. A pessoa que não respeita ninguém deixa de amar... "
Ao pensarmos em um livro que fala da vida de uma família, poderíamos nos remeter à forma mais tradicional de amor, mas amar, odiar e vingar-se como um Karamázov, torna o encontro em um tribunal inevitável. Sob a ótica interior de um dos acusados, bem ao estilo já consagrado do autor, o leitor se envolverá em todo processo de "Crime e Castigo" entre os envolvidos em uma atrocidade supostamente cometida por um Karamázov.
Irmãos Karamázov atinge sua condição de clássico não por acaso, sua leitura é uma experiência que remete uma maravilhosa viagem pelo íntimo dos personagens, a partir de diálogos primorosos e surpresas dentro da trama. Do ponto de visto técnico, devemos pontuar a variedade de estilos que o autor emprega ao longo da trama. O livro não deve assustar o leitor por seu grande número de páginas, visto que a qualidade encontrada ali tornam isso um mero detalhe.
A história, que foi publicada ao longo de quase dois anos na revista "O Mensageiro Russo", é hoje dividida em quatro partes, todas presentes na belíssima edição da Martin Claret.
A narrativa de Irmãos Karamázov, como o título sugere, tem o enfoque na vida de Dmitri, Ivan e Aliócha, e como suas personalidades distintas resultam em escolhas totalmente diferentes dentro da imensidão da Rússia Czarista do Século XIX.
O romance desenvolve-se predominantemente na figura de Aliócha, o irmão mais novo que demonstra uma alma pura, um rico desejo de ajudar o próximo, e encaminha-se para seus votos religiosos, decisão inesperada por aqueles que conhecem a família, pois o caçula mostra que é o exato oposto de seu pai, Fiódor Pavlovitch Karamázov, um monstro libertino, difamado por sua vida libidinosa e rígido controle das finanças herdadas de suas duas falecidas ex-esposas - convém, além disso, ressaltar boatos que Smerdiakov, o excêntrico servo da família, seria filho bastardo de Fiódor.
Ivan, possuidor de distinta inteligência, é, no entanto, egocêntrico e não se importa com a vida de seus irmãos. Dmitri herdou de forma mais direta as características de seu vicioso pai, embora, ainda que não fosse tão maléfico quanto o progenitor, apresenta a ganância e ira que fazem aqueles ao redor perceberem se tratar de um "Karamazov". É como portar uma herança maldita, independente do contrabalanço feito pelo ingênuo Aliócha.
Uma trama tão extensamente desenvolvida não poderá aqui ser resumida em uma simples resenha de poucas palavras, entretanto, os acontecimentos cruciais para o desenrolar da história envolvem a insistência de Dmitri em receber uma herança prometida por seu pai , enquanto Aliócha aproxima-se cada vez mais da vida consagrada e Ivan luta para controlar o exasperado amor por Katerina Ivanova, noiva de seu irmão mais velho.
O leitor é contemplado com ricas informações da cultura e cotidiano russo, todavia, sentimentos universais são apresentados através dos agudos devaneios e anseios característicos do romance psicológico, além dos excelentes sermões do padre Zosima, com genuínas e profundas reflexões filosóficas. Há de se ressaltar também narrativas emocionantes como a do jovem enfermo Kólia que preenchem o livro e tornarão a proximidade com aquele cotidiano ainda mais viva.
"Sobretudo, não minta a si mesmo. Quem mente a si mesmo e ouve a própria mentira chega a não distinguir mais a verdade, nem em si, nem no mundo ou ao redor; então perde o respeito por si mesmo e pelos outros. A pessoa que não respeita ninguém deixa de amar... "
Ao pensarmos em um livro que fala da vida de uma família, poderíamos nos remeter à forma mais tradicional de amor, mas amar, odiar e vingar-se como um Karamázov, torna o encontro em um tribunal inevitável. Sob a ótica interior de um dos acusados, bem ao estilo já consagrado do autor, o leitor se envolverá em todo processo de "Crime e Castigo" entre os envolvidos em uma atrocidade supostamente cometida por um Karamázov.
Irmãos Karamázov atinge sua condição de clássico não por acaso, sua leitura é uma experiência que remete uma maravilhosa viagem pelo íntimo dos personagens, a partir de diálogos primorosos e surpresas dentro da trama. Do ponto de visto técnico, devemos pontuar a variedade de estilos que o autor emprega ao longo da trama. O livro não deve assustar o leitor por seu grande número de páginas, visto que a qualidade encontrada ali tornam isso um mero detalhe.
Irmãos Karamázov - Fiódor Dostoiévski
Tradutor: Herculano Villas-Boas
Os irmãos Karamázov é o último romance de Dostoiévski e traz à baila as “malditas” questões existenciais que o afligiram a vida inteira, com especial relevo para a flagrante degradação moral da humanidade afastada dos ideais cristãos. A narrativa põe em foco três protagonistas irmãos, representantes dos mais diversos aspectos da realidade russa – o libertino Dmítri, o niilista Ivan e o sublime Aliocha – a fim de alumiar as profundezas insondáveis do coração entregue ao pecado, corrompido por dúvidas ou transbordante de amor.
Tradutor: Herculano Villas-Boas
Os irmãos Karamázov é o último romance de Dostoiévski e traz à baila as “malditas” questões existenciais que o afligiram a vida inteira, com especial relevo para a flagrante degradação moral da humanidade afastada dos ideais cristãos. A narrativa põe em foco três protagonistas irmãos, representantes dos mais diversos aspectos da realidade russa – o libertino Dmítri, o niilista Ivan e o sublime Aliocha – a fim de alumiar as profundezas insondáveis do coração entregue ao pecado, corrompido por dúvidas ou transbordante de amor.
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