After all these 19 years... <3
Ahhhhhh, setembro <3 Mês de Bienal, finzinho de inverno, planejamento de férias (eeeeee!) e muitos lançamentos! Fãs de Harry Potter podem já preparar o coração e os boletos, pois a Rocco está com novas edições capa dura e ilustradas pra completar a nossa coleção! Já para os leitores de ficção, os títulos estão variadíssimos, e em nossa wishlist já colocamos o Gostar de Ostras e Mantendo um olho aberto. E vocês, quais escolheriam? :)
David Eagleman
A história do cérebro é a história do que somos. A forma como percebemos o mundo, as decisões que tomamos, as alterações no humor, tudo passa por um dispositivo central cheio de conexões que mudam a cada segundo. Contar em detalhes essa história é o desafio de Cérebro – Uma biografia, novo livro de David Eagleman, neurocientista e apresentador da série de TV da BBC The Brain, além de autor de Incógnito, que já abordava questões importantes sobre o assunto. Com uma linguagem acessível, que passa longe do texto científico clássico, a rotina do funcionamento do cérebro é apresentada como um resumo da experiência humana.
Em capítulos como Quem sou eu? e O que é a realidade?, Eagleman explica como as narrativas que conhecemos para a vivência cotidiana são mediadas pelo cérebro e como muito do que tratamos como natural depende desse filtro. Nossa própria noção de consciência está restrita a esses limites, deixando escapar uma infinidade de informações não processadas e possibilidades de expansão. Ele apresenta o mundo exterior como uma construção muito bem elaborada pelo cérebro a partir da produção de conexões geradas ao longo de toda a vida.
O autor também elabora considerações sobre o futuro de nossa espécie, levantando questões de suas pesquisas sobre o desenvolvimento da atividade cerebral e do uso de dispositivos externos que intensifiquem nossas experiências. Passando pela robótica e pelos coletes sensoriais, Eagleman é um entusiasta da ampliação das potencialidades da nossa cognição.
Gostar de Ostras
Bernardo Ajzenberg
Ao fim de mais um dia de trabalho regado a tédio e inércia, Jorge, alheio a qualquer vizinho, caminha pelos corredores do condomínio onde mora para enfim se atirar no sofá ilhado entre as paredes nuas de seu apartamento e ouvir a habitual trilha sonora: as gargalhadas dos Durcan no andar de cima. Fosse ele rabugento, teria todos os motivos para pegar uma vassoura e bater forte no teto da sala. Mas quem em sã consciência, por mais sensível que seja a ruídos externos, teria coragem de protestar contra aqueles espalhafatosos octogenários franceses?
Certa noite, após repetidos encontros entre a portaria e o elevador, Jorge recebe um convite para jantar com os Durcan e descobre que o refúgio do casal é o exato oposto do espaço que ele ocupa imediatamente abaixo. Repleto de quadros, fotos, mesinhas, cinzeiros, cumbucas, estatuetas e lustres, remetendo a uma loja de antiguidades, parece uma caverna estranha e extremamente aconchegante que, construída pelo acúmulo de dezenas de anos e histórias, projeta uma viagem subliminar por lugares e tempos. Como a trepadeira no jardim do prédio – que insiste em crescer desordenadamente, muitas vezes em direção ao nada, mas gera uma flor de um roxo claro e ao mesmo tempo profundo, inegavelmente belo –, uma amizade improvável vai nascer naquele apartamento, revirando memórias e semeando mudanças.
Com delicadeza e completo domínio sobre a narrativa, Bernardo Ajzenberg aborda em Gostar de ostras temas como solidão, alienação e resiliência, enquanto discute a relação entre passado, presente e futuro. Se para Jorge o que já aconteceu parece algo abstrato demais, um amontoado de cenas que ele preferia manter encaixotadas atrás de um biombo, Marcel e Rachelyne não têm dúvidas de que são os tesouros de ontem que se reconstituem dentro de cada pessoa para formar o hoje – ainda que só quem vive intensamente o presente pode ser capaz de arquitetar um passado. Mesmo porque, como bem nos lembra W.B. Yeats na frase da epígrafe, “a vida é uma longa preparação para algo que nunca acontece”.
Uma esperança mais forte que o mar - A jornada de Doaa Al Zamel
Melissa Fleming
Doaa tinha uma típica vida de adolescente em Daara, na Síria. Sonhava em ser livre, em não precisar se submeter a nenhum marido e conseguir cursar uma faculdade. Mas seus sonhos deixaram de ter importância quando sua vida foi atravessada por uma guerra e as preocupações do futuro estavam agora no presente. Era preciso sobreviver. Uma esperança mais forte que o mar é baseado no emocionado relato de uma refugiada síria, que passou pelas mais intensas e apavorantes experiências até conseguir chegar à Europa. Uma história surpreendente para todos os que seguem suas rotinas a salvo de grandes conflitos, mas, infelizmente, uma trajetória recorrente na terra de Doaa e sua família.
O leitor se depara com sua história ainda menina. Acompanha a maneira como sua vida se transforma, depois que uma onda de protestos, conhecida como Primavera Árabe, atacou seu país e deu início a uma guerra. Presencia sua mudança para o Egito, depois que bombardeios destruíram a barbearia de seu pai e as perseguições faziam com que ninguém estivesse em segurança. Conforme os sírios foram chegando aos milhares, superpopulando os países vizinhos e acabando com a oferta de empregos, a perseguição e o boicote acabaram com as esperanças de um recomeço em terra estrangeira. A solução era enfrentar o mar e tentar chegar à Europa.
Depois de transformar a trajetória de Doaa em discurso no TED e, posteriormente, em livro, Melissa Fleming conseguiu emocionar leitores de diferentes partes do mundo. Mas a guerra na Síria continua e milhares de famílias precisaram deixar suas casas e ainda tentam encontrar um lugar seguro para viver.
Vulgo Grace (Reedição)
Margaret Atwood
Um dos principais romances da premiada escritora canadense Margaret Atwood, autora de O conto da aia, que deu origem à elogiada série The Handmaid’s Tale, Vulgo Grace também vai virar série, pela Netflix, e ganha nova edição com capa do artista gráfico Laurindo Feliciano, responsável pela renovação da identidade visual da obra da autora pela Rocco. A partir de um caso real ocorrido no Canadá na década de 1840, o livro conta a trajetória de Grace Marks, uma criada condenada à prisão perpétua por ter ajudado a assassinar o patrão, Thomas Kinnear, e a governanta da casa onde trabalhava, Nancy Montgomery.
A história contada por Margaret Atwood tem início em 1859, quando a protagonista Grace Marks já está presa. James McDermott, também condenado pelas mortes, há muito fora enforcado. Grace mora no presídio, mas devido ao bom comportamento, trabalha durante o dia na casa do governador da penitenciária em uma Toronto do século XIX com costumes bastante tradicionais. Grace costura e ajuda em alguns serviços mais leves.
Apesar de iletrada, os relatos que Grace faz, de próprio punho, em diários e cartas, e seu bom comportamento em todas as instituições por onde passou, impressionaram clérigos, médicos e políticos da época. Vários trabalharam incansavelmente a favor da jovem, elaborando petições para sua libertação, procurando opinião clínica para dar suporte ao seu caso.
É nessa época que chega à cidade um médico interessado em doenças mentais e em estudar o comportamento dos assassinos. Dr. Simon Jordan está ali para coletar depoimentos de Grace. Se conseguir ir adiante, pretende descobrir se ela mente ou se realmente tem problemas de memória, que a impedem de se lembrar do que aconteceu no dia da morte do Sr. Kinnear e de Nancy. É ao Dr. Jordan que Grace conta sobre sua vida, desde a época passada na Irlanda, onde nasceu e de onde a família parte para o Canadá em busca de melhores condições.
Apesar de muitas vezes mostrar ao leitor detalhes dos acontecimentos que compõem a história de Grace, Margaret Atwood utiliza-se de sutilezas para deixar subentendidos importantes aspectos da trajetória da protagonista. E, ao longo da narrativa, estimula os leitores a formarem sua própria opinião sobre a assassina. Teria sido ela ludibriada por James McDermott, humilhada demais por Nancy Montgomery, acometida de um acesso de raiva ou o mundo simplesmente estaria sendo injusto ao condená-la à prisão perpétua? Respostas que a autora sabe guardar muito bem até o fim do livro.
HARRY POTTER - Coleção completa em capa dura
Deveria ser só uma história para o público infantojuvenil. Mas, no mundo inteiro, gente de idades variadas lê Harry Potter – um fenômeno da literatura mundial que desafia crenças e estimativas, com mais de 450 milhões de exemplares vendidos e conquistando novas gerações de leitores a cada dia. No ano em que a série do menino bruxo completa 20 anos de publicação, a Rocco apresenta os sete volumes da saga em capa dura com novas ilustrações e em formato maior do que o tradicional. Toda a magia da obra de J.K. Rowling, do jeito que os fãs sempre sonharam.
Virgem
Radhika Sanghani
Aos 21 anos, a universitária Ellie Kolstakis tem um objetivo: perder a virgindade. Cansada de ouvir as aventuras sexuais da melhor amiga, Lara, e das colegas de faculdade, ela decide que já passou da hora de ter as próprias histórias para contar. A partir daí, começa uma saga para encontrar não o príncipe encantado, mas um homem que esteja disposto a levá-la para a cama. Esse é o ponto de partida de Virgem, romance de estreia da jornalista Radhika Sanghani. Embora autora e personagem tenham pontos em comum, a escritora faz questão de deixar claro que o livro não é autobiográfico.
Ao lado de Lara, com quem tem anos de amizade, Ellie vai a um bar para tentar levar seu plano adiante. Mas as consequências são desastrosas: nada sai como ela queria e a manhã seguinte termina com uma briga séria entre as amigas. Dias depois, em uma festa, Ellie conhece Jack. Cinco anos mais velho, ele já tem um emprego e age diferente dos rapazes da idade dela. Seria Jack a pessoa ideal para tirar a virgindade da universitária?
Em uma linguagem bem-humorada, Radhika Sanghani constrói uma história cativante, com personagens que despertam a empatia dos leitores. Enquanto planeja perder a virgindade, Ellie Kolstakis descobre mais sobre si mesma e, sem perceber, vai resgatando a autoestima, deixando para trás a adolescente insegura e encarando a vida adulta com mais confiança.
Mantendo um olho aberto
Julian Barnes
Para Julian Barnes, a maior ambição da arte é renovar a visão que temos do mundo. Nunca mais vamos olhar certos pintores e certos quadros da mesma maneira que fazíamos antes quando terminamos a leitura de Mantendo um olho aberto – Ensaios sobre a arte, que focaliza quase dois séculos de produção artística. De certa maneira, Barnes age como um professor, aquele melhor tipo de professor que consegue ensinar sem pedantismo e com eficiência porque transpira paixão pelo que comparte.
Nome incontornável da atual literatura britânica – de quem a Rocco publicou os principais livros no Brasil – Julian Barnes se aproximou da pintura lentamente. Na introdução da coletânea, ele conta que seu interesse foi despertado pelas obras de Gustave Moreau (1826-1898), o simbolista francês. Mais especificamente, por uma visita fortuita ao Museu Gustave Moreau, em Paris. “Talvez eu admirasse Moreau especialmente porque ninguém tinha me dito para fazer isso. Mas foi certamente nesse lugar que eu me lembro de, pela primeira vez, observar pinturas conscientemente, em vez de me encontrar na presença delas de modo passivo e obediente”, escreve o romancista. É a primeira lição de Barnes: deixar-se levar, por conta própria, pelo mistério da pintura.
Esse impulso foi decisivo na hora de o escritor eleger o modernismo como seu movimento artístico predileto. A escolha é fácil de entender levando-se em conta que Gustave Flaubert (1821-1880) – constantemente citado no livro e, por coincidência, um grande amigo de Gustave Moreau – é um dos autores imprescindíveis na galeria de Barnes. Foi com o O papagaio de Flaubert, obra inclassificável e fascinante, que o autor ficou conhecido internacionalmente, em 1984. Na pintura e na literatura, ele busca um equilíbrio entre o desejo de fazer o novo e um diálogo contínuo com o passado. Essa abordagem norteia os 17 ensaios, que vão de Eugéne Delacroix (1798-1863) e Paul Cézanne (1839-1906) a Lucian Freud (1922-2001).
O ambiente artístico hoje parece contaminado, excessivo, confuso. Para orientar o espectador comum, existem os cursos livres de história da arte, os catálogos especializados, as enormes filas e as visitas guiadas a galerias e museus, sem falar nas pesquisas disponíveis em milhares de sites da internet e aplicativos de celulares. Quanto tempo gastamos diante de uma boa pintura? Dez segundos, trinta segundos? Quanto tempo gastamos numa exposição de um artista consagrado com cerca de 300 itens? Julian Barnes faz essas perguntas no livro e ele mesmo calcula que, se forem gastos dois minutos com cada obra exibida, a soma chegaria a dez horas (sem pausa para almoçar, tomar um café ou ir ao banheiro). Com Mantendo um olho aberto, o leitor saberá aproveitar melhor o seu tempo. E nunca mais o mundo, ou a transfiguração do mundo num quadro, será o mesmo.
O Coletor de Espíritos
Raphael Draccon
Quando a chuva aflige o vilarejo de Véu-Vale pelo terceiro dia consecutivo, as ruas iluminadas por tochas ficam desertas; as janelas, uma a uma, se fecham; nesses dias, quem caminha pelas ruas de Véu-Vale caminha sozinho. Em O coletor de espíritos, novo romance de Raphael Draccon, um dos principais nomes da literatura de fantasia nacional, Gualter Handam, antigo morador do vilarejo e hoje um psicólogo prestigiado, se vê obrigado a retornar ao local que povoa seus pesadelos. Depois de tantos anos, ele terá de encarar antigos fantasmas e enfrentar uma força desconhecida e furiosa, numa jornada de sacrifício e redenção que poderá finalmente libertar todo um povo das garras do medo.
Por um toque de magia - Trindade Leprechaun #3
Carolina Munhóz
Depois de Por um toque de ouro, em que Emily O’Connell, herdeira de um império fashion, descobre ter o dom da sorte e fazer parte de uma rara linhagem Leprechaun, e Por um toque de sorte, em que é levada para o centro de um esquema perigoso e cruel por alguém que está se apropriando de seu dom, a jovem protagonista da Trindade Leprechaun, trilogia de fantasia contemporânea inspirada nas lendas irlandesas, luta para recuperar o que é seu em Por um toque de magia. E enquanto retoma o controle sobre seu próprio destino, Emily acaba se apaixonando, no emocionante desfecho da série, repleto de fantasia e romance.
A história do cérebro é a história do que somos. A forma como percebemos o mundo, as decisões que tomamos, as alterações no humor, tudo passa por um dispositivo central cheio de conexões que mudam a cada segundo. Contar em detalhes essa história é o desafio de Cérebro – Uma biografia, novo livro de David Eagleman, neurocientista e apresentador da série de TV da BBC The Brain, além de autor de Incógnito, que já abordava questões importantes sobre o assunto. Com uma linguagem acessível, que passa longe do texto científico clássico, a rotina do funcionamento do cérebro é apresentada como um resumo da experiência humana.
Em capítulos como Quem sou eu? e O que é a realidade?, Eagleman explica como as narrativas que conhecemos para a vivência cotidiana são mediadas pelo cérebro e como muito do que tratamos como natural depende desse filtro. Nossa própria noção de consciência está restrita a esses limites, deixando escapar uma infinidade de informações não processadas e possibilidades de expansão. Ele apresenta o mundo exterior como uma construção muito bem elaborada pelo cérebro a partir da produção de conexões geradas ao longo de toda a vida.
O autor também elabora considerações sobre o futuro de nossa espécie, levantando questões de suas pesquisas sobre o desenvolvimento da atividade cerebral e do uso de dispositivos externos que intensifiquem nossas experiências. Passando pela robótica e pelos coletes sensoriais, Eagleman é um entusiasta da ampliação das potencialidades da nossa cognição.

Bernardo Ajzenberg
Ao fim de mais um dia de trabalho regado a tédio e inércia, Jorge, alheio a qualquer vizinho, caminha pelos corredores do condomínio onde mora para enfim se atirar no sofá ilhado entre as paredes nuas de seu apartamento e ouvir a habitual trilha sonora: as gargalhadas dos Durcan no andar de cima. Fosse ele rabugento, teria todos os motivos para pegar uma vassoura e bater forte no teto da sala. Mas quem em sã consciência, por mais sensível que seja a ruídos externos, teria coragem de protestar contra aqueles espalhafatosos octogenários franceses?
Certa noite, após repetidos encontros entre a portaria e o elevador, Jorge recebe um convite para jantar com os Durcan e descobre que o refúgio do casal é o exato oposto do espaço que ele ocupa imediatamente abaixo. Repleto de quadros, fotos, mesinhas, cinzeiros, cumbucas, estatuetas e lustres, remetendo a uma loja de antiguidades, parece uma caverna estranha e extremamente aconchegante que, construída pelo acúmulo de dezenas de anos e histórias, projeta uma viagem subliminar por lugares e tempos. Como a trepadeira no jardim do prédio – que insiste em crescer desordenadamente, muitas vezes em direção ao nada, mas gera uma flor de um roxo claro e ao mesmo tempo profundo, inegavelmente belo –, uma amizade improvável vai nascer naquele apartamento, revirando memórias e semeando mudanças.
Com delicadeza e completo domínio sobre a narrativa, Bernardo Ajzenberg aborda em Gostar de ostras temas como solidão, alienação e resiliência, enquanto discute a relação entre passado, presente e futuro. Se para Jorge o que já aconteceu parece algo abstrato demais, um amontoado de cenas que ele preferia manter encaixotadas atrás de um biombo, Marcel e Rachelyne não têm dúvidas de que são os tesouros de ontem que se reconstituem dentro de cada pessoa para formar o hoje – ainda que só quem vive intensamente o presente pode ser capaz de arquitetar um passado. Mesmo porque, como bem nos lembra W.B. Yeats na frase da epígrafe, “a vida é uma longa preparação para algo que nunca acontece”.

Melissa Fleming
Doaa tinha uma típica vida de adolescente em Daara, na Síria. Sonhava em ser livre, em não precisar se submeter a nenhum marido e conseguir cursar uma faculdade. Mas seus sonhos deixaram de ter importância quando sua vida foi atravessada por uma guerra e as preocupações do futuro estavam agora no presente. Era preciso sobreviver. Uma esperança mais forte que o mar é baseado no emocionado relato de uma refugiada síria, que passou pelas mais intensas e apavorantes experiências até conseguir chegar à Europa. Uma história surpreendente para todos os que seguem suas rotinas a salvo de grandes conflitos, mas, infelizmente, uma trajetória recorrente na terra de Doaa e sua família.
O leitor se depara com sua história ainda menina. Acompanha a maneira como sua vida se transforma, depois que uma onda de protestos, conhecida como Primavera Árabe, atacou seu país e deu início a uma guerra. Presencia sua mudança para o Egito, depois que bombardeios destruíram a barbearia de seu pai e as perseguições faziam com que ninguém estivesse em segurança. Conforme os sírios foram chegando aos milhares, superpopulando os países vizinhos e acabando com a oferta de empregos, a perseguição e o boicote acabaram com as esperanças de um recomeço em terra estrangeira. A solução era enfrentar o mar e tentar chegar à Europa.
Depois de transformar a trajetória de Doaa em discurso no TED e, posteriormente, em livro, Melissa Fleming conseguiu emocionar leitores de diferentes partes do mundo. Mas a guerra na Síria continua e milhares de famílias precisaram deixar suas casas e ainda tentam encontrar um lugar seguro para viver.

Margaret Atwood
Um dos principais romances da premiada escritora canadense Margaret Atwood, autora de O conto da aia, que deu origem à elogiada série The Handmaid’s Tale, Vulgo Grace também vai virar série, pela Netflix, e ganha nova edição com capa do artista gráfico Laurindo Feliciano, responsável pela renovação da identidade visual da obra da autora pela Rocco. A partir de um caso real ocorrido no Canadá na década de 1840, o livro conta a trajetória de Grace Marks, uma criada condenada à prisão perpétua por ter ajudado a assassinar o patrão, Thomas Kinnear, e a governanta da casa onde trabalhava, Nancy Montgomery.
A história contada por Margaret Atwood tem início em 1859, quando a protagonista Grace Marks já está presa. James McDermott, também condenado pelas mortes, há muito fora enforcado. Grace mora no presídio, mas devido ao bom comportamento, trabalha durante o dia na casa do governador da penitenciária em uma Toronto do século XIX com costumes bastante tradicionais. Grace costura e ajuda em alguns serviços mais leves.
Apesar de iletrada, os relatos que Grace faz, de próprio punho, em diários e cartas, e seu bom comportamento em todas as instituições por onde passou, impressionaram clérigos, médicos e políticos da época. Vários trabalharam incansavelmente a favor da jovem, elaborando petições para sua libertação, procurando opinião clínica para dar suporte ao seu caso.
É nessa época que chega à cidade um médico interessado em doenças mentais e em estudar o comportamento dos assassinos. Dr. Simon Jordan está ali para coletar depoimentos de Grace. Se conseguir ir adiante, pretende descobrir se ela mente ou se realmente tem problemas de memória, que a impedem de se lembrar do que aconteceu no dia da morte do Sr. Kinnear e de Nancy. É ao Dr. Jordan que Grace conta sobre sua vida, desde a época passada na Irlanda, onde nasceu e de onde a família parte para o Canadá em busca de melhores condições.
Apesar de muitas vezes mostrar ao leitor detalhes dos acontecimentos que compõem a história de Grace, Margaret Atwood utiliza-se de sutilezas para deixar subentendidos importantes aspectos da trajetória da protagonista. E, ao longo da narrativa, estimula os leitores a formarem sua própria opinião sobre a assassina. Teria sido ela ludibriada por James McDermott, humilhada demais por Nancy Montgomery, acometida de um acesso de raiva ou o mundo simplesmente estaria sendo injusto ao condená-la à prisão perpétua? Respostas que a autora sabe guardar muito bem até o fim do livro.
HARRY POTTER - Coleção completa em capa dura
Deveria ser só uma história para o público infantojuvenil. Mas, no mundo inteiro, gente de idades variadas lê Harry Potter – um fenômeno da literatura mundial que desafia crenças e estimativas, com mais de 450 milhões de exemplares vendidos e conquistando novas gerações de leitores a cada dia. No ano em que a série do menino bruxo completa 20 anos de publicação, a Rocco apresenta os sete volumes da saga em capa dura com novas ilustrações e em formato maior do que o tradicional. Toda a magia da obra de J.K. Rowling, do jeito que os fãs sempre sonharam.

Radhika Sanghani
Aos 21 anos, a universitária Ellie Kolstakis tem um objetivo: perder a virgindade. Cansada de ouvir as aventuras sexuais da melhor amiga, Lara, e das colegas de faculdade, ela decide que já passou da hora de ter as próprias histórias para contar. A partir daí, começa uma saga para encontrar não o príncipe encantado, mas um homem que esteja disposto a levá-la para a cama. Esse é o ponto de partida de Virgem, romance de estreia da jornalista Radhika Sanghani. Embora autora e personagem tenham pontos em comum, a escritora faz questão de deixar claro que o livro não é autobiográfico.
Ao lado de Lara, com quem tem anos de amizade, Ellie vai a um bar para tentar levar seu plano adiante. Mas as consequências são desastrosas: nada sai como ela queria e a manhã seguinte termina com uma briga séria entre as amigas. Dias depois, em uma festa, Ellie conhece Jack. Cinco anos mais velho, ele já tem um emprego e age diferente dos rapazes da idade dela. Seria Jack a pessoa ideal para tirar a virgindade da universitária?
Em uma linguagem bem-humorada, Radhika Sanghani constrói uma história cativante, com personagens que despertam a empatia dos leitores. Enquanto planeja perder a virgindade, Ellie Kolstakis descobre mais sobre si mesma e, sem perceber, vai resgatando a autoestima, deixando para trás a adolescente insegura e encarando a vida adulta com mais confiança.

Julian Barnes
Para Julian Barnes, a maior ambição da arte é renovar a visão que temos do mundo. Nunca mais vamos olhar certos pintores e certos quadros da mesma maneira que fazíamos antes quando terminamos a leitura de Mantendo um olho aberto – Ensaios sobre a arte, que focaliza quase dois séculos de produção artística. De certa maneira, Barnes age como um professor, aquele melhor tipo de professor que consegue ensinar sem pedantismo e com eficiência porque transpira paixão pelo que comparte.
Nome incontornável da atual literatura britânica – de quem a Rocco publicou os principais livros no Brasil – Julian Barnes se aproximou da pintura lentamente. Na introdução da coletânea, ele conta que seu interesse foi despertado pelas obras de Gustave Moreau (1826-1898), o simbolista francês. Mais especificamente, por uma visita fortuita ao Museu Gustave Moreau, em Paris. “Talvez eu admirasse Moreau especialmente porque ninguém tinha me dito para fazer isso. Mas foi certamente nesse lugar que eu me lembro de, pela primeira vez, observar pinturas conscientemente, em vez de me encontrar na presença delas de modo passivo e obediente”, escreve o romancista. É a primeira lição de Barnes: deixar-se levar, por conta própria, pelo mistério da pintura.
Esse impulso foi decisivo na hora de o escritor eleger o modernismo como seu movimento artístico predileto. A escolha é fácil de entender levando-se em conta que Gustave Flaubert (1821-1880) – constantemente citado no livro e, por coincidência, um grande amigo de Gustave Moreau – é um dos autores imprescindíveis na galeria de Barnes. Foi com o O papagaio de Flaubert, obra inclassificável e fascinante, que o autor ficou conhecido internacionalmente, em 1984. Na pintura e na literatura, ele busca um equilíbrio entre o desejo de fazer o novo e um diálogo contínuo com o passado. Essa abordagem norteia os 17 ensaios, que vão de Eugéne Delacroix (1798-1863) e Paul Cézanne (1839-1906) a Lucian Freud (1922-2001).
O ambiente artístico hoje parece contaminado, excessivo, confuso. Para orientar o espectador comum, existem os cursos livres de história da arte, os catálogos especializados, as enormes filas e as visitas guiadas a galerias e museus, sem falar nas pesquisas disponíveis em milhares de sites da internet e aplicativos de celulares. Quanto tempo gastamos diante de uma boa pintura? Dez segundos, trinta segundos? Quanto tempo gastamos numa exposição de um artista consagrado com cerca de 300 itens? Julian Barnes faz essas perguntas no livro e ele mesmo calcula que, se forem gastos dois minutos com cada obra exibida, a soma chegaria a dez horas (sem pausa para almoçar, tomar um café ou ir ao banheiro). Com Mantendo um olho aberto, o leitor saberá aproveitar melhor o seu tempo. E nunca mais o mundo, ou a transfiguração do mundo num quadro, será o mesmo.

Raphael Draccon
Quando a chuva aflige o vilarejo de Véu-Vale pelo terceiro dia consecutivo, as ruas iluminadas por tochas ficam desertas; as janelas, uma a uma, se fecham; nesses dias, quem caminha pelas ruas de Véu-Vale caminha sozinho. Em O coletor de espíritos, novo romance de Raphael Draccon, um dos principais nomes da literatura de fantasia nacional, Gualter Handam, antigo morador do vilarejo e hoje um psicólogo prestigiado, se vê obrigado a retornar ao local que povoa seus pesadelos. Depois de tantos anos, ele terá de encarar antigos fantasmas e enfrentar uma força desconhecida e furiosa, numa jornada de sacrifício e redenção que poderá finalmente libertar todo um povo das garras do medo.

Carolina Munhóz
Depois de Por um toque de ouro, em que Emily O’Connell, herdeira de um império fashion, descobre ter o dom da sorte e fazer parte de uma rara linhagem Leprechaun, e Por um toque de sorte, em que é levada para o centro de um esquema perigoso e cruel por alguém que está se apropriando de seu dom, a jovem protagonista da Trindade Leprechaun, trilogia de fantasia contemporânea inspirada nas lendas irlandesas, luta para recuperar o que é seu em Por um toque de magia. E enquanto retoma o controle sobre seu próprio destino, Emily acaba se apaixonando, no emocionante desfecho da série, repleto de fantasia e romance.
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