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fevereiro 10, 2016

Quarta-feira de cinzas

Agora que o Carnaval passou <3 e nossa semana aqui no Blog permaneceu em ritmo de poesia, gostaria de compartilhar com vocês mais um poema, desta vez sobre a quarta-feira de cinzas, escrito por um de meus autores-favoritos-da-vida, T. S. Eliot. E assim como em nossa postagem anterior, o tom deste poema é também de uma certa introspecção, mas nada como sair um pouco de nossas leituras-conforto e conhecer novas inspirações, não é? :) Abaixo, uma pequena biografia do autor. Espero que gostem!


Verbete Wikipedia: Thomas Stearns Eliot (St. Louis, 26 de setembro de 1888 — Londres, 4 de janeiro de 1965) foi um poeta modernista, dramaturgo e crítico literário inglês nascido nos Estados Unidos. 

Eliot nasceu em St. Louis, Missouri, nos Estados Unidos, e mudou-se para a Inglaterra em 1914 (então com 25 anos), tornando-se cidadão britânico em 1927, com 39 anos de idade. Sobre sua nacionalidade e sua influência na sua obra, T.S. Eliot disse:

“Minha poesia não seria o que é se eu tivesse nascido na Inglaterra, e não seria o que é se eu tivesse permanecido nos Estados Unidos. É uma combinação de coisas. Mas, nas suas fontes, na sua força emocional, ela vem dos Estados Unidos.”

Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura de 1948. Faleceu em 4 de janeiro de 1965. 


Quarta-feira de Cinzas

I

Porque não mais espero retornar
Porque não espero
Porque não espero retornar
A este invejando-lhe o dom e àquele o seu projeto
Não mais me empenho no empenho de tais coisas
(Por que abriria a velha águia suas asas?)
Por que lamentaria eu, afinal,
O esvaído poder do reino trivial?

Porque não mais espero conhecer
A vacilante glória da hora positiva
Porque não penso mais
Porque sei que nada saberei
Do único poder fugaz e verdadeiro
Porque não posso beber
Lá, onde as árvores florescem e as fontes rumorejam,
Pois lá nada retorna à sua forma

Porque sei que o tempo é sempre o tempo
E que o espaço é sempre o espaço apenas
E que o real somente o é dentro de um tempo
E apenas para o espaço que o contém
Alegro-me de serem as coisas o que são
E renuncio à face abençoada
E renuncio à voz
Porque esperar não posso mais
E assim me alegro, por ter de alguma coisa edificar
De que me possa depois rejubilar

E rogo a Deus que de nós se compadeça
E rogo a Deus porque esquecer desejo
Estas coisas que comigo por demais discuto
Por demais explico
Porque não mais espero retornar
Que estas palavras afinal respondam
Por tudo o que foi feito e que refeito não será
E que a sentença por demais não pese sobre nós

Porque estas asas de voar já se esqueceram
E no ar apenas são andrajos que se arqueiam
No ar agora cabalmente exíguo e seco
Mais exíguo e mais seco que o desejo
Ensinai-nos o desvelo e o menosprezo
Ensinai-nos a estar postos em sossego.

Rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte
Rogai por nós agora e na hora de nossa morte.



ELIOT, T.S. "Quarta-feira de Cinzas". In:_____. Poesia. Tradução, introdução e notas de Ivan Junqueira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.

Você também pode encontrar este e outros poemas no Blog do autor Antonio Cicero.


2 comentários:

  1. Olá ! Que bom encontrar um blog que compartilhe poemas tbm, é tão difícil encontrar! Eu amo poema e tbm amo escrever ! Parabéns pelo post !
    Umparadoxoliterario.blogspot.com

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  2. Oii! Adorei! Não conhecia a poesia e adorei as fotos!!

    Bjs, Michele

    O que tem na nossa estante

    ResponderExcluir

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