
"Nunca
tinha escrito nada como aquilo. Palavras que pareceram escritas com a
alma e fora do seu estado normal de consciência. Passou o resto do dia
pensando no que ela tinha provocado, já que era apenas alguém que tinha
visto por alguns segundos de sua desinteressante vida. (...) Talvez
fosse melhor ficar só em sonho." (p.33)
Tudo começou no dia em que escreveu uma carta e viu sua amada rasgá-la em mil pedacinhos. Na verdade a carta era uma espécie de poema, que mais tarde viraria uma canção de amor, dessas que ninguém imaginaria ser capaz de escrever, principalmente Ele, que já em seus trinta e poucos anos, e ainda vivendo como um cidadão-comum-médio-normal, de muitos sonhos porém poucos amores, uns dois ou três na verdade, embora fosse rapaz do tipo nem bonito nem feio, meio assim olhos verdes, magro, barriguinha de chope e boa gente e tal, mas olha, a vida não é fácil, tanto que sua melhor companhia tem sido apenas Horácio, O Papagaio, este sim um grande amigo!
Mas voltando à carta, que na verdade era canção e talvez livro: tudo começou no dia em que Ele, após uma insana intuição, também chamada 'coração desequilibrado', acreditou ter encontrado o amor de sua vida em um vagão do metrô às sete da matina. E deste encontro até a tal composição musical há muita história (e tropeço) pelo caminho, e a escrita de Gomyde nestes episódios é inesperadamente hilária! Aliás, esta é uma qualidade que será refinada a cada nova história e personagens (publicado em 2000, O Mundo de Vidro é o seu primeiro livro), transformando-se em bom humor e, especialmente, alegria de viver.
Pode-se também dizer que cartas e dedicatórias estão presentes em toda a obra de Gomyde, assim como o primeiro encontro e o improvável que se transforma em realização; não sei se esta será também sua interpretação mas, após ter lido por último este primeiro livro (nesta leitura fora de ordem, o primeiro foi o Ainda não te disse nada, que até hoje considero sua melhor história - se bem que meio empatado com O Rosto que precede o sonho, ou seja, não consigo decidir), percebo que para tornar-se um grande autor é preciso deste tanto de personagens que nos conduzem a uma outra margem da vida; como se fizéssemos uma curva em nossa percepção para em cada página encontrar histórias que confundem-se tanto com a nossa vida que até nos sentimos personagens do livro - e quem já leu Gomyde sabe que ele é mestre nisso.
Tudo começou no dia em que escreveu uma carta e viu sua amada rasgá-la em mil pedacinhos. Na verdade a carta era uma espécie de poema, que mais tarde viraria uma canção de amor, dessas que ninguém imaginaria ser capaz de escrever, principalmente Ele, que já em seus trinta e poucos anos, e ainda vivendo como um cidadão-comum-médio-normal, de muitos sonhos porém poucos amores, uns dois ou três na verdade, embora fosse rapaz do tipo nem bonito nem feio, meio assim olhos verdes, magro, barriguinha de chope e boa gente e tal, mas olha, a vida não é fácil, tanto que sua melhor companhia tem sido apenas Horácio, O Papagaio, este sim um grande amigo!
Mas voltando à carta, que na verdade era canção e talvez livro: tudo começou no dia em que Ele, após uma insana intuição, também chamada 'coração desequilibrado', acreditou ter encontrado o amor de sua vida em um vagão do metrô às sete da matina. E deste encontro até a tal composição musical há muita história (e tropeço) pelo caminho, e a escrita de Gomyde nestes episódios é inesperadamente hilária! Aliás, esta é uma qualidade que será refinada a cada nova história e personagens (publicado em 2000, O Mundo de Vidro é o seu primeiro livro), transformando-se em bom humor e, especialmente, alegria de viver.
Pode-se também dizer que cartas e dedicatórias estão presentes em toda a obra de Gomyde, assim como o primeiro encontro e o improvável que se transforma em realização; não sei se esta será também sua interpretação mas, após ter lido por último este primeiro livro (nesta leitura fora de ordem, o primeiro foi o Ainda não te disse nada, que até hoje considero sua melhor história - se bem que meio empatado com O Rosto que precede o sonho, ou seja, não consigo decidir), percebo que para tornar-se um grande autor é preciso deste tanto de personagens que nos conduzem a uma outra margem da vida; como se fizéssemos uma curva em nossa percepção para em cada página encontrar histórias que confundem-se tanto com a nossa vida que até nos sentimos personagens do livro - e quem já leu Gomyde sabe que ele é mestre nisso.

"Ela ficou o domingo em casa, para dar um jeito na vida e apagar da memória cada resquício da relação que havia acabado de forma tão dura. (...) E as lágrimas despencaram. Lágrimas que seriam as últimas a correr por seu outrora grande amor. Passou o resto do dia bem, tomou sol, cuidou da pele e tentou se convencer de que uma nova vida começava.
E assim seria..." (p.73)
Mas a história do Mundo era também Dela, que ainda sem nome, porém com uma vida muito mais definida, faculdade e pós em Economia, emprego estável, uma beleza inacreditável, e quase um casamento. E nestas horas em que a vida parece estar completa vem o destino e sussurra um "não é bem assim", e tudo muda, desaba, desmorona, despenca, enfim, como se precisássemos desse empurrão do além pra nos dizer que não fomos tão cuidadosos naquilo que escolhemos... Ainda assim, a gente teima e chora e desiste e começa tudo outra vez. Com uma nova ajudinha, claro, da lua, do acaso, do destino, da insistência do menino... Hmm, disto agora não falaremos.
Voltando ao cotidiano Dele, o desajeitado moço-comum-mediano-de-olhos-verdes: acho que vocês já perceberam que Gomyde cria um Mundo onde dois personagens tão diferentes se esbarram e, numa improvável amizade, se aproximam, e tudo fica meio complicado depois disso, certo?
Bem... Quem sabe?
O que é certo é que tudo o que é dito assim meio de repente, no meio da amizade, faz a mocinha fugir, e se for um eu-te-amo então, nossa, isso pode ser mesmo um problema, pode complicar a vida, e não há canção ou poema ou livro que faça o capítulo perdido voltar atrás...
Bom.... Quem sabe?
Mas olha, uma coisa é certa: desde sempre, do Mundo de Vidro ao Surpreendente!, encontramos um autor cuja escrita diz: "sim, eu escrevo pra você", e não há como fechar suas páginas sem se identificar com pelo menos um de seus personagens ou aventuras. Portanto, por isso aqui encerramos este texto, para que todos possam criar suas próprias impressões, e igualmente compartilhar este tanto de lembranças que da memória e do coração transbordam, e que de forma não tão inesperada assim abraçam e se vêem abraçadas nas histórias de um autor como Maurício Gomyde.
"Era uma
vez um mundo muito diferente. Um mundo que não existia na vida real e
que só se criava a partir do exato instante em que ele fitava os olhos
dela e ela, sem graça, dava um sorriso tímido. Ninguém mais o via,
apenas eles dois." (p. 125)

Outras resenhas sobre o autor aqui no Blog:

Gosto de diversos gêneros literários, mas as histórias que mais me atraem são desse tipo, que falam de pessoas que podem ser reais, que podem ser como você e eu, que teimam e choram e desistem e começam tudo outra vez.
ResponderExcluirQuando se trata de Gomyde, sei de antemão que a resenha será maravilhosa ;)
Beijo, beijo!!!
Gih
Blog da Gih
Confesso que não leria esse livro se fosse de outro autor. Porém, tenho uma curiosidade enorme para conhecer a escrita do Gomyde.
ResponderExcluirPela resenha, a obra parece ser sensível, ao mesmo tempo que real. Tocante também parece ser um bom adjetivo.
Enfim, quero dar uma oportunidade para a obra.
Ótima resenha.
Desbravador de Mundos - Participe do top comentarista de abril. Serão três vencedores!
Gomyde tem uma escrita muito particular, e um corpo de obra realmente significativo (dezesseis anos de carreira!), e passei a admirar o autor justamente por esta 'unidade de pensamento literário', onde desde o primeiro até o último título, o 'Surpreendente!' encontramos esta "escrita Gomyde", que se revela tanto pela forma/estrutura do texto como no objetivo/condução de seus personagens e narrativas.
ExcluirSinceramente, o Maurício é o único autor nacional deste segmento contemporâneo que me despertou o interesse de ler todos os títulos da vida :D Queria ter uma explicação objetiva pra isso mas felizmente não tenho rs.
Bem, para todos os que ainda não leram Gomyde, recomendo como primeira leitura o "Surpreendente!", por ser esta uma obra realmente perfeita! :)
Oiiie Rebs!
ResponderExcluirQuero muito ler todos os livros do Gomyde que você resenha, todos parecem ter uma sensibilidade <3 (alias são fáceis de encontrar pra comprar?)
Ahhh, sua resenha como sempre está impecável!
E adorei essa capa!
Um beijo,
Paloma
surewehaveablog.com.br
Oi meninas! Sim, no site do Gomyde tem todos os livros publicados de forma independente <3 Espiem só: http://www.mauriciogomyde.com/p/loja-virtual.html :)
ExcluirOi, Rebeca! Já disse que adoro a forma como escreve suas resenhas? E que adoro os livros do Maurício? Bom encontrar as duas coisas em um mesmo post. Parece ser mais uma história cheia de sensibilidade!
ResponderExcluirBeijos, Entre Aspas
Oi Carla! Obrigada por sempre nos acompanhar <3 Fico feliz de que o fascínio que sinto por estas obras seja também encontrado nas resenhas aqui do Blog <3 Que bom que vocês se identificam com este nosso mundinho! :))) <3
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