As estações passam
As tristezas passam
Você também vai passar
Que coisa bonita
Riscos coloridos no ar
As estações passam
As tristezas passam
Você também vai passar.
(Trecho do poema Nuvem)

Chicago, Nova York, anos setenta, noventa, São Paulo, Rio de Janeiro. Quando a história começa na cidade, a primeira imagem é a de Robert de Niro e seu táxi, às três ou em toda a madrugada, percorrendo a estrada e sendo por ela atropelado. Nesta vida que sangra pelas calçadas e por detrás das cortinas, muitos são os seus personagens: gravatas e colarinhos, punks e garçonetes, garrafas e hospitais, cortesãs e o lençol dos pedintes. Talvez esta cidade esteja a muitos quilômetros distante, ou nítida em sua
imaginação, desejo ou apatia; ainda assim, o mundo que salta das
sombras desenha novas cinzas, e nesta fuligem descobrimos seus corpos, e também algum
sentido em tudo isso.
Divagaísmo é uma coletânea de poemas escrita em algum lugar desta juventude, feita de um mundo que transborda dores e segredos, e encontra alguma redenção na fala de filósofos, poetas e boêmios de todas as épocas. Escritos entre os 18 e os 22 anos, os poemas de Cláudio Furtado rimam corpos e cidades, paisagens do amor e amores passageiros, assim como a saudade e o êxtase no dia seguinte. O poema neste livro, assim como a voz do beatnik, é como um pássaro que desdenha os muros da cidade, e alça seu voo, indefinidamente, até o fraquejar de suas asas, que trincam e trancam-se e dobram-se, qual origami, cujos rasgos e vincos tornam-se a certeza de seus novos voos e sentidos.
O conforto da alergia
Do sofá rasgado
As notícias despencam do jornal
Na viagem da cadeira de balanço
Saudade dos sorrisos esquecidos
Saudades das lágrimas perdidas
Sinto falta do que já tive
Sinto falta do que nunca tive
Beijos e beijos.
Do sofá rasgado
As notícias despencam do jornal
Na viagem da cadeira de balanço
Saudade dos sorrisos esquecidos
Saudades das lágrimas perdidas
Sinto falta do que já tive
Sinto falta do que nunca tive
Beijos e beijos.
(Trecho de Influências do Poema Perdido)


Release: 'Divagaísmo' é essa arte de sair só e lentamente da realidade. Se antes os poetas flanavam para encontrar inspirações nos ares das ruas, hoje eles divagam através do éter, através desse grande espaço mágico, único e interminável que é a existência. Os poemas de Cláudio Furtado, escritos entre os 18 e os 22 anos, vão revelando surpresa, dúvida, deslumbramento, espanto, encontrando um mundo que não precisa ser real e concreto, mas que pode ser ideal e criado com as palavras.
Sobre o autor: Cláudio Furtado, 46, é carioca, nascido e criado em Piedade, bairro do subúrbio do Rio. Trabalha como engenheiro de telecomunicações, mas dedicou quase sua vida inteira à escrita. Divagaísmo é o seu primeiro livro a ser publicado e o autor já se prepara para lançar outros cinco, todos de poesia. Cláudio também já escreveu livros ligados a assuntos espirituais e esotéricos, tema pelo qual tem grande interesse.
Cláudio Furtado. Divagaísmo. RJ: Editora Jaguatirica, 2016.


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