
"O que não conto aos clientes das viagens no tempo é que (...) a tristeza que você sente quando volta se abate profundamente em seu estômago. (...) Se ajustar à realidade do presente dói demais; (...) o mundo parece diferente. Seus olhos mudam. Seu coração muda. (...)
(...) Nunca viajei para o futuro. Não havia nem uma regulagem para isso no painel de controle. (...) Meus olhos tinham visto o passado repetidas vezes, com lágrimas de amor gotejando por meu rosto pessimamente barbeado, mas o futuro era um espetáculo seco e apavorante. (...) A chegada da idade.
(...) - Você acha que nós devíamos... (...) sair daqui? (...)
- Não. Estou feliz. (...) Veja como todo mundo está junto. (...) Estou tão feliz que você esteja aqui. (...) Me dê um beijo outra vez."
- Não. Estou feliz. (...) Veja como todo mundo está junto. (...) Estou tão feliz que você esteja aqui. (...) Me dê um beijo outra vez."
Há livros que despertam no leitor uma vontade de esquecer o mundo e pertencer ao universo de seus personagens; outros, a cada mudança de página, nos motivam a recordar nossa juventude e, quem sabe, reescrevê-la. 30 e poucos anos e uma máquina do tempo desperta estes dois sentimentos: o de participar da história só pra conversar com Karl Bender, um ex-músico e protagonista de viagens no tempo, assim como o de colocarmos no papel todo um inventário de lembranças, bandas e eventos de nossa juventude.
O livro é construído a partir de Karl, cuja informalidade em narrar frustrações e o que restou de seus sonhos (nos anos 90, participou de um famoso grupo de indie rock, daí a inveterada nostalgia de seus relatos) acaba sendo um diferencial para o texto. Sem perder o bom humor (apesar de seus altos e baixos de pânico e pessimismo), suas conversas de bar com uma possível namorada e com o seu melhor amigo, aliadas à "estratégia empreendedora" de fazer com que uma inesperada oportunidade de grana e notoriedade em sua vida adulta realmente aconteça (ou seja, o tal episódio das viagens no tempo), fazem com que a história criada por Mo Daviau seja totalmente familiar a maioria dos leitores - especialmente se algum dia você já sentiua ilusão vontade de viver com os frutos de sua música, arte ou sonhos (apesar de sabermos que estes três são praticamente sinônimos), e hoje, talvez em seus vinte e muitos, ou trinta, ou quarenta, enfim, você já tenha entendido que essa ilusão perspectiva de se ter uma vida repleta de discos e livros (e quem sabe um amor) não é assim tão fácil, e que por isso é necessário procurar (e torcer pra encontrar!) caminhos alternativos pra seguir a vida - nem que seja uma possível "franquia" de viagens no tempo.
Ah, a juventude... Época de poucos boletos, um milhão de bandas e um tanto de otimismo. Quem nunca!
E apesar deste tanto de realidade a respeito as condições de vida de um adulto médio, o leitor encontrará nas páginas de 30 e poucos anos um misto de criatividade narrativa, uma imperdível dose de nonsense, e aquele sentimento de aventura (e risco) presente em nossos planos, ideais, memórias e projetos.
Livro bom é como uma música que toca em sua estação de rádio ou Spotify preferida: de alguma forma você sabe o que vai encontrar, mas é bem possível que em uma frequência não muito distante você encontre exatamente o que seu coração precisa. E é com esta sensação que a história de 30 anos passa bem rápido, sem saber se foi tudo invenção ou mera coincidência, ou ainda um recado do destino, ou o prenúncio de uma vida que justamente por ser ser assim intangível a gente não se preocupa muito em defini-la, e segue vivendo, simplesmente.
O livro é construído a partir de Karl, cuja informalidade em narrar frustrações e o que restou de seus sonhos (nos anos 90, participou de um famoso grupo de indie rock, daí a inveterada nostalgia de seus relatos) acaba sendo um diferencial para o texto. Sem perder o bom humor (apesar de seus altos e baixos de pânico e pessimismo), suas conversas de bar com uma possível namorada e com o seu melhor amigo, aliadas à "estratégia empreendedora" de fazer com que uma inesperada oportunidade de grana e notoriedade em sua vida adulta realmente aconteça (ou seja, o tal episódio das viagens no tempo), fazem com que a história criada por Mo Daviau seja totalmente familiar a maioria dos leitores - especialmente se algum dia você já sentiu
Ah, a juventude... Época de poucos boletos, um milhão de bandas e um tanto de otimismo. Quem nunca!
E apesar deste tanto de realidade a respeito as condições de vida de um adulto médio, o leitor encontrará nas páginas de 30 e poucos anos um misto de criatividade narrativa, uma imperdível dose de nonsense, e aquele sentimento de aventura (e risco) presente em nossos planos, ideais, memórias e projetos.
Livro bom é como uma música que toca em sua estação de rádio ou Spotify preferida: de alguma forma você sabe o que vai encontrar, mas é bem possível que em uma frequência não muito distante você encontre exatamente o que seu coração precisa. E é com esta sensação que a história de 30 anos passa bem rápido, sem saber se foi tudo invenção ou mera coincidência, ou ainda um recado do destino, ou o prenúncio de uma vida que justamente por ser ser assim intangível a gente não se preocupa muito em defini-la, e segue vivendo, simplesmente.
"(...) - A questão é: nós contamos com outras pessoas para a felicidade, e vocês, pessoas de 2010, precisam parar de fingir que estão bem sozinhas, comendo salada de um saco em frente a seu computador, quando o que você quer é uma família, pessoas amadas e que consigam ver dentro do seu coração."
"Letras
de música são um tipo especial de poesia que toca direto em sua
essência e o ajuda a sentir algo além de tristeza e fracasso. Letras de
música me lembravam que eu talvez tivesse a sorte de me apaixonar
novamente, um dia. (...)"
Shows de rock que eu voltaria no tempo pra ver (ps: incluí na lista apenas shows realizados no Rio, pra dar uma maior veracidade ao relato rs):
Shows de rock que eu voltaria no tempo pra ver (ps: incluí na lista apenas shows realizados no Rio, pra dar uma maior veracidade ao relato rs):
- Rock in Rio 1985 :) Line up dias 11, 12 e 15 de janeiro: Whitesnake, por motivos de é o Whitesnake <3; Freddie Mercury e eternizando Love of my life no coração da humanidade; Scorpions e o épico Still lovin' you; Iron Maiden na época do Run to the hills; James Taylor e o clássico das FMs You've got a friend.
- A-ha na Praça da Apoteose em 1989 - tudo bem que a idosa aqui assistiu pela televisão (er... sim, pela tv. uhum, em 89. ahã, tô idosa, eu sei. risos.), mas ao vivo seria lindo <3
Mas então, Stephen Hawkin, me ajuda nisso?
:D
Imagine viajar no tempo para assistir a qualquer grande show da história? Os Beatles no Shea Stadium ou no telhado da Apple Records, o Nirvana em um bar minúsculo de Seattle ou Miles Davis no lendário clube Birdland. Quem nunca pensou em poder voltar antes de 1980 e conhecer John Lennon ou sentar em uma das poucas cadeiras do café Sin-é, em Nova York, e assistir a Jeff Buckley antes da fama. Essa chance única de deslocamento temporal é o que move 30 e poucos anos e uma máquina do tempo, romance da escritora americana Mo Daviau, que elabora uma espécie de cruzamento entre Doctor Who e Alta fidelidade. O resultado é uma declaração de amor nostálgico à inocência da juventude e à esperança do que nos aguarda no futuro.
Tudo começa quando Karl Bender, ex-guitarrista de sucesso indie e agora dono de bar coroa e rabugento, descobre uma fenda no tempo em seu armário, um buraco de minhoca pessoal. A partir disso, Karl e seu melhor amigo Wayne passam a viajar para shows incríveis e a compartilhar a experiência com conhecidos em troca de dinheiro. Tudo vai bem até o momento em que Wayne decide o óbvio: interferir no passado. Por engano, ele acaba voltando mais de mil anos e Karl vai precisar de ajuda técnica pra resgata-lo, já que a eletricidade é peça chave para que as viagens aconteçam.
O problema acaba trazendo a personagem mais interessante da trama: Lena Geduldig, astrofísica que compartilha com Karl a adoração por Elliott Smith e aceita o desafio de tentar trazer Wayne de volta ao presente. A referência óbvia ao clássico com Michael J. Fox e seu DeLorean é só mais uma das muitas espalhadas pelo caminho. Lena e Karl engatam um romance que torna tudo ainda mais complexo e divertido, principalmente pelas mensagens que começam a chegar do futuro. A obra utiliza muito bem metáforas relativas à interferência em acontecimentos passados para levantar questões sobre o eterno descontentamento humano com o presente e a melancolia que os personagens demonstram a respeito do rumo que tomaram na vida. Karl reencontra uma ex-namorada, Lena revê sua mãe e Wayne se surpreende com a paz das tribos, uma alegoria sobre a insatisfação com as escolhas inerentes à vida adulta.
O livro é uma caixa cheia de citações sobre a cultura alternativa: Galaxie 500, Sebadoh, Elvis Costello, REM, Fugazi e mais dezenas de artistas caminham pela narrativa, seja nos shows das viagens temporais afetivas ou por terem marcado a vida de todos na trama, gravados em suas tatuagens e em momentos-chave para a formação do caráter desses jovens adultos. Veículos como Mashable, NPR e The Creators Project abraçaram o romance com bastante entusiasmo, mostrando a vocação pop da obra de Mo Daviau, que conjuga universos tão díspares quanto Art Garfunkel e bandas punk de Washington.
Oi Rebeca!
ResponderExcluirNossa, que legal esse livro! Acho que se visse na livraria ele não me chamaria a atenção, mas adorei a história dele.
Concordo com você, ver o Freddie Mercury cantando ao vivo seria um sonho realizado.
Beijos,
Sora | Meu Jardim de Livros