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setembro 22, 2017

Então você voltou... | Uma crônica de Regiane Medeiros


Então você voltou...

A escolha de ir embora foi sua. Eu lamentei, mas depois superei e cheguei a aceitar que era melhor assim, afinal nós dois queríamos coisas muito diferentes naquele momento.

Eu resisti bravamente à vontade de continuar sabendo o que você estava fazendo e agi da mesma maneira que nas ocasiões anteriores a essa: me desvinculei completamente de você, desabilitando seus contatos da minha agenda e excluindo as redes sociais que compartilhávamos. Apaguei as mensagens trocadas, deletei a maior parte das fotos (deixei uma ou duas, somente para me lembrar do que foi bom e de como eu fiquei no final, para não cair na onda de outro igual a você). Parei de pensar em você quando me deitava. Deixei de esperar que você sentisse saudade e me procurasse.

O tempo passou e você se tornou uma mera lembrança, mais um aprendizado na minha vida. E achei que estava tudo certo, que eu estava no caminho que devia seguir mesmo, sempre em frente.

Agora você volta e bagunça minha cabeça, me fazendo duvidar de minhas decisões, dos meus sentimentos. Porque tava tudo bem com você em silêncio, eu achava que estava tudo bem...  

Você podia facilitar e ter agido como a maioria, lançando um “oi sumida”, como se nada tivesse acontecido e eu que tivesse evitando você. Isso automaticamente me faria ter raiva de você e expulsar você definitivamente da minha vida, como se não houvesse existido... Mas, não. Como sempre, você sabe a coisa certa a dizer, me confundindo, me fazendo pensar em coisas que eu já não vislumbrava há muito tempo.

E aí, some de novo, me deixando na dúvida se foi uma breve recaída ou se foi uma isca jogada para que eu ficasse curiosa e decidisse dar o passo seguinte e te procurar. Aí vem aquela leve aflição de que talvez eu esteja interpretando tudo errado mais uma vez e de novo, eu não sou eu mesma por causa de você. 

Gostaria de concluir que você já não me afeta, mas não posso mentir para mim mesma. Ainda não entendo porque ouço seu canto de sereio, se já sei como vai terminar essa história. Eu, com mais algumas rachaduras no peito, algumas lágrimas desperdiçadas e a sensação de impotência diante de algo que não posso mudar. Mas, é praticamente impossível ignorar o apelo que vem daqui de dentro... Aquele que diz que pode ser diferente dessa vez.

Porque a gente insiste em acreditar? Porque precisamos ceder a essa louca esperança de que pode sim, finalmente ser diferente? No fundo, sabemos a resposta. Nosso coração não suportaria a certeza de que tudo sempre pode dar errado, ainda que as probabilidades sejam imensas e as estatísticas da vida sempre corroborem para isso.

Ainda não sei o que fazer a seu respeito. Não sei o que fazer com o que sinto. Não sei o que fazer comigo. Só quero me sentir eu mesma de novo, com ou sem a sua presença na minha vida.

“Fiz de mim descanso pra você
Te decorei, te precisei
Tanto que esqueci de me querer
Testemunhei o fim do que era agora

Agora eu quero ir
Pra me reconhecer de volta
Pra me reaprender e me apreender de novo
Quero não desmanchar com teu sorriso bobo
Quero me refazer longe de você”
 
Agora eu quero ir, Anavitória – Forasteiro, 2016.

7 comentários:

  1. "Só quero me sentir eu mesma de novo, com ou sem a sua presença na minha vida."
    Entendo super esse sentimento, só quero poder ser eu mesma sem qualquer represália.
    Amei o texto, me senti representada.

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  2. Ler essa crônica foi como ver a mim mesma anos atrás, debatendo comigo mesma a história...

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    Respostas
    1. Tão bom quando alguém se vê no que a gente escreve ❤
      Bjoooo

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