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dezembro 05, 2017

Projeto Sobre a Escrita: Primeiros depoimentos + Texto da Fernanda Rosa


(Trecho de Sobre a Escrita: A Arte em Memórias, de Stephen King)


Que este blog teve início a partir de conversas, talvez muitos não saibam, mas é bem provável que a sua relação com a escrita literária também tenha acontecido assim, como um projeto que foi tomando forma justamente por ter essa característica coletiva, de colaboração e prosa entre amigos. É claro que a escrita intimista, presente em diários, anotações e poesias, acaba sendo nossa primeira experiência literária, e é bem possível que esta expressão permaneça por muito tempo em nossas vidas. Ainda assim, tornar público aquilo que sentimos, sob esta edição do texto, não é tarefa fácil, e nem sempre conseguimos levar nossos projetos adiante quando estamos sozinhos, daí a necessária companhia de quatro ou inúmeras mãos e, principalmente, incontáveis leitores.

Seguindo nesta reflexão, até porque o ato criativo envolve muita aceitação e (auto)crítica, e é por isso não é de hoje que muitos escritores, ao entenderem a escrita enquanto profissão e - por que não - destino, publicam obras dedicadas a uma reflexão de seu próprio ofício. Stephen King é um deles, e  foi a partir de sua autobiografia literária que pensamos em realizar este projeto de escrita colaborativa aqui no Blog.

Neste primeiro momento, estamos conversando com amigos leitores e blogueiros a respeito de nossas motivações para escrever. Segue um trechinho de uma prosa da Di Azevedo (que, aliás, compartilhou um belo poema em nossa página do Instagram recentemente) com a Regiane Medeiros:

Di - Eu não sei se isso acontece com todos os escritores. Eu não me considero uma escritora, mas gosto de escrever. De uns meses pra cá, venho investindo em um livro (antes, eu só escrevia poemas) e o que percebi é que colocamos muito de nós mesmos nas histórias. Às vezes me pergunto se a personagem é uma pessoa diferente ou se sou apenas eu, com um nome diferente, escrevendo o que já vivi...

Regiane - É também uma sensação libertadora, não? Poder compartilhar um pouco do que somos através da arte, seja qual for; é um privilégio que poucos conseguem fazer sem se perderem no processo. Quanto mais você se doa, mais você descobre quem é no mundo e qual o seu papel nele.



Talvez seja uma pergunta direta demais (ou quem sabe até meio abstrata, já que nem sempre nossa vontade criativa caminha ao lado de objetivos definidos - mas deveria!, e a gente sabe, se esforça pra entender isso...), mas fica o desafio:


Qual a sua motivação para escrever?  


Convidamos você, leitor, estudante, autor, blogueiro (todo mundo!) para participar desta reflexão e, quem sabe, com esta troca-desabafo entre aficcionados por literatura e letras, a gente já começa 2018 com uma melhor visão acerca de nossos projetos, não é mesmo? <3 Gostaria de participar desta conversa também? Envie uma direct em nosso Instagram (@blogpapelpapel) ou mande um alô pelo email contatopapelpapel@gmail.com :) Vamos continuar com esta série de postagens de depoimentos aqui no Blog e no Insta, e também vamos em breve lançar uma sugestão de leitura coletiva que tem tudo a ver com este tema da descoberta do autor e do criativo que existe em cada um nós :)


(Trecho de Sobre a Escrita: A Arte em Memórias, de Stephen King)


Pra encerrar o post de hoje, vamos ao texto que a jornalista e blogueira Fernanda Rosa enviou pra gente :) Confira:


Letras pra que te quero

A alfabetização foi um processo complicado para mim. Era difícil assimilar que algumas palavras eram faladas de um jeito, mas escritas de outro.

Não entrava na minha cabecinha de 10 anos que, por exemplo, enquanto falávamos "palmera" deveríamos, na verdade, escrever "palmeiiiiiiiiira". E essa comilança de letras e confusão entre "g" e "j", "ss" e "ç" deixava minha mãe de cabelo em pé e preocupada com a possível chegada de uma reprovação em Língua Portuguesa, no final do ano letivo (o que nunca aconteceu, graças ao bom Deus rs).

E, mesmo derrapando nas curvas sinuosas da boa escrita, eu teimava em escrever, especialmente sobre mim mesma. Nem sei dizer quantos diários tive ao longo da infância e da adolescência.

Até que o tempo passou, eu cresci e descobri a leitura nas páginas de José de Alencar (até hoje meu escritor favorito <3). Foi aí que comecei a me interessar pelas engrenagens e gatilhos da Língua Portuguesa. Logo depois, com a escolha do jornalismo para vida, esse interesse cresceu, floresceu e virou amor.

Atualmente, no meu trabalho, escrevo sobre saúde pública, um tema fascinante e que sempre dá pano para manga. Já nas horas de lazer, escrevo sobre cultura, novelas latinas, o idioma espanhol, os países que falam espanhol... Enfim! Escrevo porque sinto que é no correr das linhas que o mundo se ilumina. Afinal, juntando uma letrinha à outra, costurando palavras e sentido, construímos saberes.

Se, antes eu escrevia para me enxergar e me encontrar, hoje escrevo para enxergar (e também mostrar) os mundos que encontro por aí. Sim, "mundos", exatamente no plural porque quem lê e escreve gosta mesmo é de enxergar a pluralidade da vida.


Fernanda Rosa 

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