É hora de partir, meus irmãos, minhas irmãs
Eu já devolvi as chaves da minha porta
E desisto de qualquer direito à minha casa.
Fomos vizinhos durante muito tempo
E recebi mais do que pude dar.
Agora vai raiando o dia
E a lâmpada que iluminava o meu canto escuro
Apagou-se.
Veio a intimação e estou pronto para a minha jornada
Não indaguem sobre o que levo comigo.
Sigo de mãos vazias e o coração confiante.
(Rabindranath Tagore)
Difícil precisar o início da chamada Literatura de Viagem. Enquanto gênero literário, consiste em um universo de narrativas acerca das
experiências, descobertas e reflexões de um viajante, realizadas durante
ou após o período de sua jornada, que tanto pode ser 'documental' (isto é, o autor esteve em tal país ou travessia) como 'ficcional' (o autor atravessa mundos por ele imaginados). Afinal, toda
volta e distanciamento da casa produz histórias, assim como a voz de um explorador da antiguidade e a de um personagem urbano de nossos dias encerra uma paixão, rica em saudade e pertencimento.
Se fôssemos criar uma "sinopse de séculos", poderíamos citar alguns de seus viajantes mais conhecidos: Ulisses, Penélope e demais mitologias; Colombo, Crusoé, criaturas do mar e cartografias; Quixote, tavernas e romances de cavalaria; a conquista do Oeste, Faulkner, o deserto e o sublime; os séculos 18 e 19 e seus artistas, em um êxtase de carne, África e Oriente; Baudelaire, a Passante, a tuberculose e a melancolia; histórias de Kerouac e estradas, e também as de nossos pais em uma Kombi atravessando rodovias; e claro, o diário do nômade, do escoteiro, do viajante apaixonado, do amor não correspondido, e também a selfie naquela excursão para o Rock in Rio ou a Disney.
Se fôssemos criar uma "sinopse de séculos", poderíamos citar alguns de seus viajantes mais conhecidos: Ulisses, Penélope e demais mitologias; Colombo, Crusoé, criaturas do mar e cartografias; Quixote, tavernas e romances de cavalaria; a conquista do Oeste, Faulkner, o deserto e o sublime; os séculos 18 e 19 e seus artistas, em um êxtase de carne, África e Oriente; Baudelaire, a Passante, a tuberculose e a melancolia; histórias de Kerouac e estradas, e também as de nossos pais em uma Kombi atravessando rodovias; e claro, o diário do nômade, do escoteiro, do viajante apaixonado, do amor não correspondido, e também a selfie naquela excursão para o Rock in Rio ou a Disney.
Em algum ponto de cada particular história haverão pistas de seus autores, assim como indícios de nós mesmos. Como diria Cecília, "um poeta é sempre irmão do vento e da água: deixa seu ritmo por onde passa.", e com a Literatura de Viagem não poderia ser diferente.
No post de hoje conheceremos as impressões da autora
Marleine Paula a respeito de sua viagem à Índia, em um período de vinte e poucos dias, como parte de seu
trabalho no campo das Relações Internacionais. No livro Índia: Além do Olhar, publicado pelo Ateliê Editorial, Marleine compartilha um pouco da história e
costumes deste país ao mesmo tempo tão desigual e tão rico.
O livro
inicia com uma reflexão de Otavio Paz: "A primeira coisa da Índia que me
surpreendeu, como a todos, foi a diversidade feita de violentos
contrastes: modernidade e arcaísmo, luxo e pobreza, sensualidade e
ascetismo, desleixo e eficácia, mansidão e violência, pluralidade de
castas e de línguas, deuses e ritos, costumes e ideias...". E neste será
neste país de constrastes que Marleine iniciará a escrita de
uma história ao mesmo tempo secular e, principalmente, cultural e religiosa.
Segundo a autora, para falar sobre a Ìndia é preciso 'partir das urbes para a civitas, das cidades para a sociedade', sem esquecer de sua cultura.
A Índia é atualmente o segundo país mais populoso do mundo e as partes I e II do livro tratam dos aspectos gerais de sua história e economia, assim como das caracterísitcas de suas principais Cidades (urbes): Mumbai, Déli, Jaipur, Agra, Fatehpur Sikri, Khajuraho e Varanasi.
A terceira parte do livro fala da Sociedade (civitas) indiana. Segundo Marleine, "A Índia vive, ao mesmo tempo, na Idade Média e no século XXI. Miséria e riqueza, progresso e atraso convivem pacificamente em todas as cidades. (...) O ensino superior, sobretudo na área de informática, é privilegiado. (...) O ensino médio é de baixa qualidade. Os serviços públicos, principalmente educação básica e sáude, são muito precários. (...) O povo indiano é espalhafatoso, barulhento, faz protestos por tudo, (...) envolve-se em brigas. A saudação (...) é o tradicional namastê, que significa 'eu reconheço o divino em você'. (...) Invenções indianas: jogo de xadrez, sistema decimal e um precursor do sistema heliocêntrico, mil anos antes de Galileu! (...) A música indiana que se ouve nas ruas é uma masala, isto é, uma mistura de pop, salsa, rock, folclore e até hinos religiosos. (...) A Índia tem 22 línguas oficiais reconhecidas pela Constituição. (...) O sânscrito é a língua sagrada." (p. 79-82). Além destas observações gerais, a autora analisa o sistema de castas, o papel da mulher, do casamento e da família indiana, além, é claro, do fundamental papel da religião para a manutenção e existência desta sociedade.
O último capítulo trata especificamente da Cultura, trazendo informações valiosas sobre a Literatura, o Cinema, a Medicina Aiurveda e também sobre a Culinária do país.
Muito mais que um guia de viagem, "Índia: Além do Olhar" apresenta ao leitor uma generosa leitura a respeito de um país ao mesmo tempo tão ancestral e tão à espera de um futuro, e que de alguma forma, aos olhos mais atentos, em muito se parece com o nosso Brasil...
Segundo a autora, para falar sobre a Ìndia é preciso 'partir das urbes para a civitas, das cidades para a sociedade', sem esquecer de sua cultura.
A Índia é atualmente o segundo país mais populoso do mundo e as partes I e II do livro tratam dos aspectos gerais de sua história e economia, assim como das caracterísitcas de suas principais Cidades (urbes): Mumbai, Déli, Jaipur, Agra, Fatehpur Sikri, Khajuraho e Varanasi.
A terceira parte do livro fala da Sociedade (civitas) indiana. Segundo Marleine, "A Índia vive, ao mesmo tempo, na Idade Média e no século XXI. Miséria e riqueza, progresso e atraso convivem pacificamente em todas as cidades. (...) O ensino superior, sobretudo na área de informática, é privilegiado. (...) O ensino médio é de baixa qualidade. Os serviços públicos, principalmente educação básica e sáude, são muito precários. (...) O povo indiano é espalhafatoso, barulhento, faz protestos por tudo, (...) envolve-se em brigas. A saudação (...) é o tradicional namastê, que significa 'eu reconheço o divino em você'. (...) Invenções indianas: jogo de xadrez, sistema decimal e um precursor do sistema heliocêntrico, mil anos antes de Galileu! (...) A música indiana que se ouve nas ruas é uma masala, isto é, uma mistura de pop, salsa, rock, folclore e até hinos religiosos. (...) A Índia tem 22 línguas oficiais reconhecidas pela Constituição. (...) O sânscrito é a língua sagrada." (p. 79-82). Além destas observações gerais, a autora analisa o sistema de castas, o papel da mulher, do casamento e da família indiana, além, é claro, do fundamental papel da religião para a manutenção e existência desta sociedade.
O último capítulo trata especificamente da Cultura, trazendo informações valiosas sobre a Literatura, o Cinema, a Medicina Aiurveda e também sobre a Culinária do país.
Muito mais que um guia de viagem, "Índia: Além do Olhar" apresenta ao leitor uma generosa leitura a respeito de um país ao mesmo tempo tão ancestral e tão à espera de um futuro, e que de alguma forma, aos olhos mais atentos, em muito se parece com o nosso Brasil...
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