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outubro 20, 2016

Canções de amor e livros de MPB | Novidades das Editoras: Ateliê Editorial

Música Popular Brasileira. Taí um nome de mil significados, e também muita confusão! Desde que o samba é samba e a Música um enredo da Universidade, incontáveis historiadores, críticos, compositores e artistas passaram a desenhar nomenclaturas e genealogias para a sonoridade criada pelo brasileiro. Das canções que nossos avós conheceram na Era de Ouro do Rádio, passando pelo violão das cidades e de nossas rebeldias, só sei que a (in)definição do amor e seus cotidianos continua sendo uma sinopse comum à então e sempre popular música brasileira.

Para enriquecer este debate, o post de hoje é dedicado a publicações que apresentam a vida e obra de grandes nomes de nossa história. Confira nossos lançamentos preferidos da casa publicadora Ateliê Editorial:


Paulinho da Viola e o Elogio do Amor
Eliete Eça Negreiros

Vai, que toda verdade de um amor
O tempo traz
Quem sabe um dia você volta para mim
E amando ainda mais

(Ainda Mais)

Em Paulinho da Viola e o Elogio do Amor Eliete Negreiros apresenta uma reflexão sobre a representação do amor na obra do compositor e sua inscrição no âmbito da tradição do pensamento e da lírica ocidental. Através das canções criadas e cantadas por ele, a autora revisita poetas e pensadores como Safo, Platão, Aristóteles, Montaigne, Freud, Walter Benjamin e Octavio Paz.

Eliete destaca três modalidades do amor na lírica violiniana: o amor breve, o amor melancólico e o amor feliz e vê no aspecto meditativo das canções uma espécie de educação sentimental na medida em que Paulinho da Viola descreve e reflete sobre os estados de apaixonamento.



Francisco Rocha

De tanto levar frechada do teu olhar
Meu peito até parece sabe o quê?
Táubua de tiro ao álvaro
Não tem mais onde furar

(Tiro ao álvaro)

As populações excluídas foram constantemente retratadas nas canções de Adoniran Barbosa. Neste estudo, Francisco Rocha toma a vida e a obra do artista como pontos de partida para analisar a São Paulo dos anos 1950. Merece destaque o cotidiano urbano, com suas personagens anônimas e os sinais do ”progréssio”. As fotos de Alice Brill e as relíquias do extinto museu Adoniran Barbosa ilustram a época em que viveu o criador de Saudosa Maloca, Iracema, Trem das Onze e História Paulista.



O seu dinheiro nasce de repente
E embora não se saiba se é verdade
Você acha nas ruas diariamente
Anéis, dinheiro e até felicidade

(Onde está a honestidade?)

O modo como Noel Rosa criou uma obra de alta carga poética, articulando a coloquialidade da língua falada à musicalidade, é tratado com acuidade por Mayra Pinto. Na análise de suas canções, Mayra mostra como o tom coloquial, próprio do samba, se apoia em estrofes construídas com base em paralelismos poéticos, entoativos e rítmico-musicais. A única alteração nessa “fórmula” está na letra, que a cada estrofe descreve com mais detalhes a situação do locutor. Este livro é uma contribuição original ao estudo da obra de Noel Rosa e, ao mesmo tempo, à toda canção brasileira.


Figuras do Feminino na Canção de Chico Buarque
Adélia Bezerra de Meneses

Pode ser que, entreabertos
Meus lábios de leve
Tremessem por ti
Mas nem as sutis melodias
Merecem, Cecília, teu nome
Espalhar por aí

(Cecilia)

Chico Buarque é um dos poetas que exprimem de maneira mais sensível a essência da mulher. De sua lírica emergem vozes femininas que mesclam o afetivo e o social, o sexual e o político. Neste livro, a autora estuda suas letras usando uma abordagem psicanalítica e sociológica. As figuras do feminino na obra do compositor são analisadas à luz das relações intertextuais que estabelece com obras de grandes artistas como Di Cavalcanti, Ismael Nery e Alfredo Volpi.



É a sua vida que eu quero bordar na minha
Como se eu fosse o pano e você fosse a linha
E a agulha do real nas mãos da fantasia
Fosse bordando ponto a ponto nosso dia-a-dia

(A linha e o linho)

O livro aqui apresentado é uma viagem pela trajetória de Gilberto Gil e, consequentemente, pela trajetória política e poética do nosso país. Pedro Varoni acompanha o modo como Gilberto Gil faz da poesia um instrumento de intervenção política, bem como da política um lugar de manifestação artística, poética.

[…] estamos diante de um livro que amplia o olhar daqueles que se interessam pelas vozes, pelos gestos, pelas cores e pela língua de Gil e de nossa cultura nacional, bem como pelo modo que todas essas esferas fazem vibrar – no passado e no presente – a nossa brasilidade.



Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento
Eu vou

(Caetano Velloso - Alegria, alegria)

Lançado em 1979, este estudo de Celso Favaretto tornou-se um clássico sobre o movimento da Tropicália, leitura imprescindível aos interessados pelo tema. O autor reconstitui os nexos entre as composições, os arranjos e as cenas que caracterizam os gestos particulares dos tropicalistas. Explica também as tendências gerais do movimento e mostra como ele desenhou uma nova estética para a música brasileira. Esta reedição, revisada e ampliada, conta com prefácio do músico e linguista Luiz Tatit.

Um comentário:

  1. Adoniran Barbosa é maravilhoso, incrível que de forma tão brasileira ele fez arte que expressava tão bem os pobres imigrantes trabalhadores e seus filhos que foram para São Paulo nos séculos XIX e XX.

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