A vida no interior de uma palavra
A água está quente. Os grãos de areia que grudaram com o suor no meu rosto abrasam minha pele. Meus olhos estão fechados enquanto ensabôo minha cabeça. Mas penso que nem tudo é feito de grãos. Nem tudo desintegra feito pó. Às vezes, palavras montam um muro alto e móvel como um cubo mágico na nossa mente. Um labirinto de imagens que nós mesmos construímos a partir de um desejo como talvez seja o amor. Talvez eu arrisque um mapa. Represar o labirinto sem nome para não me perder. Mas, no fim, não importa. As palavras me cercam com seu grande muro alto e móvel. Eu não seria capaz de encaixar o momento em que comecei a pensar nessas coisas. O sol estava quente, creio. O trabalho foi duro. Foi. Os tijolos estão todos empilhados. Mas parece que carrego torres deles nos meus ombros. Não. Estou limpo. A espuma branca já se foi com a água. Agora, só resta o perfume no rosto. Em uma palavra cabe minha vida, creio, mas minha vida jamais conseguirá tomar forma de uma palavra. Não enquanto estiver vivo. Por enquanto, a palavra se torna ela mesma. E, talvez, minha vida continue assim, um pouco minha.
Jonatas T. B.
Janeiro 2018
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