"– Eu me referia a Robert Beechcombe, milorde.
– E ele se interessa pela senhorita? – murmurou.
– Robert Beechcombe tem 8 anos. Nós íamos pescar. Creio que tenha desistido. Ele havia comentado que a mãe queria que a ajudasse com alguns afazeres.
De repente, Robert riu.
– Estou muitíssimo aliviado, Srta. Lyndon. Detesto ciúmes. É uma sensação bem desagradável.
– Eu... Eu não consigo imaginar por que sentiria ciúmes – gaguejou Victoria. – O senhor não me fez nenhuma promessa.
– Mas pretendo.
– E eu também não lhe fiz nenhuma – disse ela, em tom firme.
– Uma situação que terei de corrigir – retrucou ele com um suspiro."
À primeira vista, a aparência de um amor: um olhar correspondido, um desejo compartilhado, todo um sonho permitido. O encontro de Robert e Victoria aconteceu assim, sorrateiro, como um feixe de sol por entre a clareira, como uma brisa em um fim de tarde à beira do rio.
Impossível não romancear o primeiro encontro (aqueles olhos!; aquele sorriso!; aquele... ele!), e tampouco seus acidentes (o embaraço da fala, o tropeço das pernas, como se o próprio encontro fosse também um acidente); no entanto, basta uma voz errada e um pequeno tombo para que histórias de amor sejam assim interrompidas - ou, no romance de Julia Quinn, tenham seu início justamente por isso.
Em Mais lindo que a Lua, Robert e Victoria dividem-se entre uma paixão mal resolvida e as consequências deste sentimento em suas vidas hoje, sete anos após o primeiro encontro. Seria possível reacender a paixão da juventude e desfazer as mágoas dos dias antigos?
Alguns capítulos e anos se passam e, para aumentar a ansiedade do leitor, um novo desentendimento impede que nossos protagonistas fiquem juntos: "No fundo de seu coração, Victoria sabia que Robert tinha o poder de fazê-la feliz além de seus maiores sonhos. Mas também tinha o poder de destruir seu coração. E ele já havia feito isso uma vez... Não, duas vezes."
Em determinado ponto da história, Victoria parece finalmente ter se conformado com uma vida "consigo mesma", sem o peso do remorso e da saudade que sentia por Richard. Em momentos assim, quando tudo parece calmo e sem ruídos, não é incomum que a própria vida se encarregue de nos desconcertar. Embora Victoria tenha se tornado uma personagem enfim forte, obstinada a não mais se sujeitar aos caprichos e desejos de Richard, a possibilidade de restaurar o seu passado (tanto para apagá-lo ou enfim realizá-lo) surge em seu caminho, e o sentimento de que esta seja sua única oportunidade acaba sendo um fardo para nossa protagonista.
Apesar de todo este drama, algo próprio a todos os encontros e desencontros de nossas relações amorosas, a narrativa de Quinn é na maior parte do tempo bem humorada, tanto na construção dos diálogos (feitos de desafetos, beijos e brigas) de Victoria e Richard como nas falas dos personagens secundários que testemunham e torcem contra ou a favor deste improvável romance.
É possível que alguns leitores sintam uma certa insatisfação diante desta reviravolta de atitudes de Victoria, que viveu boa parte de sua vida longe do fascínio que o amor desperta; afinal, a liberdade é um ideal a se conquistar, e qualquer sentimento que se oponha a esta conquista soa como a maior das imprudências. Porém, de que adianta a liberdade se permanecemos aprisionados em nós mesmos, sob o fardo das lembranças e atitudes que mal podemos esquecer? Este é um grande drama por que passa Victoria, e Julia Quinn instiga o leitor a considerar o amor não apenas como um sinal de submissão ou menosprezo por si mesmo, mas como um equilíbrio de forças entre a romantização de nossos sonhos e a realidade do desejo que nos faz perseguir este mesmo amor a cada dia de nossas vidas.
"Victoria achou que fosse desmanchar.
Mas então ele se afastou. As mãos dele tremiam. Victoria olhou para baixo e percebeu que as dela também.
– Conheço meus limites – disse ele em voz baixa.
Victoria piscou, percebendo, desesperada, que não conhecia os próprios."
Sinose: Foi amor à primeira vista. Mas Victoria Lyndon era a filha do vigário, e Robert Kemble, o elegante conde de Macclesfield. Foi o que bastou para os pais dos dois serem contra a união. Assim, quando o plano de fuga dos jovens deu errado, todos acreditaram que foi melhor assim.
Sete anos depois, quando Robert encontra Victoria por acaso, não consegue acreditar no que acontece: a garota que um dia destruiu seus sonhos ainda o deixa sem fôlego. E Victoria também logo vê que continua impossível resistir aos encantos dele. Mas como ela poderia dar uma segunda chance ao homem que lhe prometeu casamento e depois despedaçou suas esperanças?
Então, quando Robert lhe oferece um emprego um tanto incomum – ser sua amante –, Victoria não aceita, incapaz de sacrificar a dignidade, mesmo por ele. Mas Robert promete que Victoria será dele, não importa o que tenha que fazer. Depois de tantas mágoas, será que esses dois corações maltratados algum dia serão capazes de perdoar e permitir que o amor cure suas feridas?
Que post lindo!
ResponderExcluirSabe que só li "O Duque e Eu" dela? Ainda não sei pq não li os demais livros se amei esse... kk
Gostei das fotos!
Beiju,
Keth ♥
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