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abril 16, 2016

O privilégio de ser quem eu sou, por Regiane Medeiros


"Nada como um pequeno desastre para colocar as coisas no lugar." 
Still do filme Blow-Up, de Michelangelo Antonioni (1966)



O privilégio de ser quem eu sou… Será???


I'm sorry for everything
Oh everything I've done
From the second that I was born
It seems I had a loaded gun
And then I shot shot shot a hole through
Everything I loved
I shot shot shot a hole through
Every single thing that I loved

Shots, Smoke+Mirrors
Imagine Dragons (2015)


Desde criança, eu sempre tive facilidade em fazer amizade com os garotos. Criada com 4 meninos, não poderia ser diferente.

Ao longo da vida, isso já me causou algumas dificuldades, como por exemplo, os paqueras se afastarem achando que algum dos meus amigos era meu namorado quando saímos juntos (eu digo a eles que queimam meu filme hahaha), ou eles falarem comigo como se eu fosse “um dos manos” (caras, eu sou uma MENINA!!! Manerem!!!) e o mais comum, que é as garotas se afastarem por ciúme, principalmente as namoradas deles.

Recentemente passei por uma situação assim. Entre um grupo de amigos com quem saía para shows, cinema e gulodices, havia o Sr. Bear (nome fictício) com quem eu me dava super bem, e que por um tempo até pensei que estava interessado em mim, pois me enviava mensagens de conteúdo dúbio. O interesse não era recíproco, mas eu tentava não deixar isso afetar nossa amizade. Até que... Ele arranjou uma namorada! Confesso que me senti aliviada, pois não teria mais de me preocupar com possíveis sentimentos da parte dele. Só que o Sr. Bear começou a ficar distante, já não saía mais com a nossa turma, nem mandava recadinhos engraçados nas redes sociais.

Infelizmente, essa é uma situação recorrente, mas ainda assim eu senti a sua ausência.

Passado um tempo, tentei retomar o contato pelo Whatsapp e conversamos durante um tempo, com a mesma camaradagem de antes, mas ao fim da conversa, ele acabou revelando que teria que apagar as mensagens, para que a sua namorada não visse, e quando questionei o motivo, ele respondeu que ela tinha ciúmes de mim. Fiquei tipo: “Oi??? Ela nem me conhece!!!” e a resposta dele é que era por isso mesmo que ela tinha ciúmes.


Depois disso, evitei contato com ele e admito que me chateou saber que ele havia deixado nossa amizade de lado para evitar problemas desse tipo. Claro que, se desde o começo ele tivesse nos apresentado, ela veria que não há motivos para qualquer tipo de ciúmes e talvez até tivéssemos nos tornado boas amigas.

Atualmente, eles estão casados e o Sr. Bear até teve a consideração de me avisar e enviar o convite (virtualmente, é claro), mas ao mesmo tempo me dispensando desse compromisso, e o meu amor-próprio me impediu de comparecer. Não sei se fiz certo, mas depois de todo esse tempo afastados, e por conta de um motivo bobo (na minha opinião) seria no mínimo constrangedor esse encontro.

E como se o destino colaborasse para a perpetuação da situação, há poucos dias uma amiga em comum, compartilhou no Instagram o print de uma memória do Facebook  de uns 3 anos atrás (sim, as redes sociais movimentam a nossa vida rsrs), onde o Sr. Bear dizia sentir saudades de nós duas. Qual não foi minha surpresa, a Sra. Bear fez um comentário, dizendo que eles precisam fazer um churrasco para ela conhecer a Dona Regiane Medeiros.

Esse comentário, independente das intenções da Sra. Bear, mexeu comigo no sentido de que, toda vez que alguém usa o termo “Dona” associado ao meu nome inteiro, não pode significar boa coisa. Minha experiência nesse sentido é vasta!!!

A situação toda só faz com que o sentimento de inadequação que me acompanha há tanto tempo, se prolongue e se renove a cada golpe. E honestamente, eu nada fiz para isso. Não estou bancando a vítima, mas é inegável para quem me conhece, que eu tenha uma certa propensão a atrair situações desconfortáveis, apenas por ser quem eu sou.

Mas, mesmo assim eu não pretendo mudar o meu jeito, nem deixar de ser amiga de quem eu gosto só pra evitar passar por situações assim novamente. Eu concordo com Nietzsche, quando ele afirma que: “Nunca é alto o preço a pagar pelo privilégio de pertencer a si mesmo”. E seja qual for o preço para ser quem eu sou, estou disposta a pagar.

"Se você quer que algo seja anunciado, peça a um homem; se quer que algo seja feito, peça a uma mulher"

4 comentários:

  1. Oi Flor me identifiquei muito com seu texto, mas diferente de vc eu mudei muito, e me arrependo por isso, o que os outros pensam de mim sempre me influenciou muito e acabei deixando isso mudar minha personalidade, sofro muito hj porq nem eu me reconheço mais, to tentando mudar isso cm ajuda profissional mas e muito difícil, Parabéns por dar a cara a tapa e ser quem você é de fato! Adorei o blog, to te seguindo no insta, segue lá tb @sonhandoempaginas. Bjuu♥

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    1. Flor, por mais difícil que seja, é importante que você esteja tentando se resgatar. Somente quando passar a amar quem você é de verdade, é que vai conseguir ser feliz. Claro que a gente quer que as pessoas gostem da gente, mas a longo prazo, é muito melhor quando você descobre que quem está do seu lado, está lá porque gosta de você, com seus defeitos, imperfeições, qualidades e talentos. Todos nós somos seres em construção, e espero de coração que você consiga apreciar a sua singularidade, porque não existe ninguém nesse mundo igual a você. Não é papo de psicóloga, é conversa de alguém que já se frustrou muito por ver pessoas que eu pensava serem amigos/amores virando as costas quando eu mais precisava, só porque eu não conseguia corresponder à ideia que faziam de mim. Fica em paz, um beijo enorme!
      PS: estou seguindo também, obrigada pelo carinho <3

      Blog da Gih

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  2. Adorei o texto da Gih!
    Tem se tornado cada vez mais comuns amigos que viram as costas quando arranjam um par, e namoradas ciumentas que os afastam.
    É uma tristeza, odeio quando isso acontece, e depois é bem difícil retomar a amizade :/

    Um beijooo

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    1. Detesto quando isso acontece, mas acho que quem gosta mesmo da gente, não se presta a isso né?
      Beijo, beijo!!!

      Blog da Gih

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