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setembro 21, 2016

Poesia Errante, de Carlos Drummond de Andrade - Editora Record



O nascimento do amor é também o amanhecer do poema. Ou o seu indício. Em Poesia Errante, encontramos versos de um Drummond cotidiano, em um fascínio de alvoradas, beijos da amada e o sabor de seus manuscritos. Encontrei esta edição (publicada em 1988 pela Record) em um sebo aqui do Rio, mas acredito que muitos destes textos estejam em outras coletâneas. No site da Record, inclusive, encontramos ótimas seleções de poemas do autor (clique nas capas abaixo para ser redirecionado para o site). Nesta postagem, compartilhamos então um pouco da obra drummondiana publicada em Poesia Errante:

http://www.record.com.br/livro_sinopse.asp?id_livro=26334 O teu casaco
O teu casaco preto agasalhou-me
numa noite de inverno e de tristeza.
Do seu tecido e tepidez fcou-me
algo mais que calor: mas a beleza
de o corpo ter no meu unido, ao jeito
de um pássaro aninhado no meu peito.

http://www.record.com.br/livro_sinopse.asp?id_livro=26335Nascer
Nascer
outra e outra vez
indefinidamente
como a planta sempre nascendo
da primeira semente;
pensar o dia bom
até criar a claridade
e nela descobrir
http://www.record.com.br/livro_sinopse.asp?id_livro=26336a primeira sílaba
da primeira canção.

Procuro uma alegria
Procuro uma alegria
na mala vazia
do final do ano
e eis que tenho na mão
- flor do cotidiano –
o vôo de um pássaro
e de uma canção.


 
A companheira

A companheira
da vida inteira,
que a meu lado
une o passado
ao novo dia
em harmonia,
a sempre forte
e meu suporte
quanto vacilo,
porte tranquilo,
voz de carinho
no meu caminho,
leal, paciente
constantemente,
simples, discreta
força do poeta,
quero-a no instante
final – constante
com sua mão
acarinhando
em gesto brando
meu coração.


Versos de fim de ano

I
Você sabia que a lua
ainda não foi visitada?
Que há sempre uma lua nova
dentro de outra, e encantada?

É lá que vivem as graças
que nesta quadra do ano
a gente sonha e deseja
a todo o gênero humano.

Mas a lua, preguiçosa,
nem sempre atende à pedida?
A gente pede assim mesmo
até melhorar a vida.

II
É tempo de pesquisar no tempo
uma estrela nova, um sorriso;
de dizer à nuvem: sê escultura;
e à escultura: sê nuvem.

Tempo de desejar, tempo de pensar
madura e docemente o bom tempo de acontecer
(e mesmo não acontecendo fica desejado),
pássaro-mensageiro, traço
entre vida e esperança
como satélite no espaço.

III
Na volta da esperança,
um princípio de vida:
ser outra vez criança
por toda, toda a vida.

  
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismo em Minas. Ingressou no serviço público e, em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945. Em 1954 começou a colaborar como cronista no Correio da Manhã e, a partir do início de 1969, no Jornal do Brasil. Alvo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro RJ, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.

3 comentários:

  1. Estou fazendo um trabalho acadêmico para a disciplina Intertextualidades. O título do trabalho é: O ano da minha vida, eu escolhi 1988, e um dos tópicos se refere a um livro lançado neste ano. Encontrei "Poesia Errante", e já estou apaixonada por seus versos.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Carlos Drumond de Andrade. Nosso eterno e saudoso poeta.

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