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janeiro 11, 2017

O Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams | Editora Arqueiro | Resenha por Jonatas Tosta


O Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams, atualmente é considerado uma das obras mais conhecidas do “cânon” nerd. Adams constrói uma visão de mundo onde nem o absurdo é capaz de escapar do discurso pretensamente científico. A história é pontuada por críticas sociais bem humoradas e bastante ácidas, que alfinetam desde a burocracia governamental até a percepção transcendente do mundo, bem ao gosto do que se é considerado, na modernidade, reflexões sobre a vida e o homem diante do universo.

A história começa com uma trágica situação. O jovem Arthur Dent está prestes a ter sua casa destruída para que se construa uma estrada estatal. Desesperado, ele decide se colocar na frente de sua moradia impedindo que o trator avance. É nesse instante que Ford Perfect, um alienígena que ficou preso na terra e se disfarçou de ator desempregado, subitamente aparece e o arrasta para um pub a fim de beber umas cervejas antes do fim do mundo. Sim. É exatamente isso. O planeta Terra está a poucos minutos de ser completamente destruído por extraterrestres chamados vogons a fim de construírem uma estrada espacial.

É importante ressaltar que Ford Perfect pertence a uma classe de viajantes intergalácticos que têm o propósito de catalogar e atualizar um livro eletrônico, uma espécie de enciclopédia editável para viagens bastante prático, ou seja, o próprio Guia do Mochileiro das Galáxias.

Se você está interessado em uma história que explora reflexões existenciais engraçadas e os limites de lógicas absurdas - e que ainda assim  são capazes de não perder o caráter lógico - O Guia do Mochileiro das Galáxias é o livro ideal. Além de brincar com máquinas de probabilidade infinita e uma nave roubada por um presidente intergaláctico com três cabeças, há um grande esforço em se refletir sobre a suposta falta de propósito e o acaso da vida. Jogos retóricos obsessivos acerca a ideia da inexistência de Deus, ou a superioridade dos golfinhos e ratos sobre a espécie humana são alguns dos exemplos de como Adams reflete acerca da apatia da vida, mas amaciando bem a acidez com humor.

Agora, tratando de modo pessoal, não posso negar que o texto é recheado de piadas sobre baleias caindo como meteoros e abrindo crateras em planetas que, na verdade, eram fábricas de planetas por encomenda. Mas conforme a lia, tive a impressão engraçada de que a história fora escrita por um jovem um tanto obcecado, daqueles engajados em causas de animais em extinção ou coisas do tipo (e que por algum motivo aleatório imaginei ser apaixonado por produtos eletrônicos ecologicamente corretos, ou quase, como aparelhos da Apple).

Estou certo de que a maioria de vocês irão dar risadas com as piadas que recheiam o livro – ou irão reagir com aquela projeção mental clássica de “MAS QUE DIABO É ISSO?”. De todo modo, é muito difícil dizer que não é bem intrigante e divertido. Talvez de fato a vida humana naquele pontinho perdido azul no escuro destruído por espaçonaves da Frota de Construção Vogon realmente tenha perdido o sentido quando Ford Perfect jogou fora os exemplares de José e a Exrtaordinária Túnica de Sonhos Tecnicolor e outro de Godspell. Por isso, só nos resta rir compulsivamente no vazio com um Guia do Mochileiro das Galáxias.⁠⁠⁠⁠


Douglas Adams

Considerado um dos maiores clássicos da literatura de ficção científica, O guia do mochileiro das galáxias vem encantando gerações de leitores ao redor do mundo com seu humor afiado.

Este é o primeiro título da famosa série escrita por Douglas Adams, que conta as aventuras espaciais do inglês Arthur Dent e de seu amigo Ford Prefect.

A dupla escapa da destruição da Terra pegando carona numa nave alienígena, graças aos conhecimentos de Prefect, um E.T. que vivia disfarçado de ator desempregado enquanto fazia pesquisa de campo para a nova edição do Guia do mochileiro das galáxias, o melhor guia de viagens interplanetário.

Mestre da sátira, Douglas Adams cria personagens inesquecíveis e situações mirabolantes para debochar da burocracia, dos políticos, da "alta cultura" e de diversas instituições atuais. Seu livro, que trata em última instância da busca do sentido da vida, não só diverte como também faz pensar.

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