Junho é o mês dos Namorados, e também o da quermesse e o do quase inverno. E aqui no Blog não poderíamos deixar de compartilhar algum tanto de reflexões - e também alguma doçura - sobre tudo isso. De 1º de junho até o dia 12 realizaremos então postagens temáticas, trazendo o comentário de amigos-autores e também um pouco de poesia.
Nesta primeira conversa, convidamos o autor e psicólogo Marcelo Marchiori para uma prosa sobre os dilemas do amor e outras empatias. E pra não deixar o post com ares de "programa de tv" (meio Fátima Bernardes isso de "autor e psicólogo", não é mesmo? rs), cabe aqui um parêntese:
Em algum lugar de nossos vinte anos, Marcelo e eu (e outros três ou quatro blogueiros) escrevíamos crônicas de amor em um blog. Não, o blog não existe mais, assim como as histórias, que por seus ares de diário e dramas e confidências não fariam muito sentido hoje.
Daí que os anos passam e não mais nos definimos pelas escolhas e inquietações de antigamente; claro que a ansiedade e muitos dos erros antigos se repetem, assim como a lembrança de muitos dos dias bons vividos. Mas chega uma época em que é preciso priorizar alguma coisa. Seja por falta de organização e tempo ou pelo excesso das coisas que abraçamos; ou ainda pela desmotivação ou crise ou pela vontade de largar tudo e recomeçar a vida no interior da Escócia ou Nashville.
Mas... e quanto a amar de novo (ou permanecer amando), como faz?
...
Seja bem vindo ao blog, Marcelo! :) Espero que curtam o trabalho de nosso autor convidado!
Nesta primeira conversa, convidamos o autor e psicólogo Marcelo Marchiori para uma prosa sobre os dilemas do amor e outras empatias. E pra não deixar o post com ares de "programa de tv" (meio Fátima Bernardes isso de "autor e psicólogo", não é mesmo? rs), cabe aqui um parêntese:
Em algum lugar de nossos vinte anos, Marcelo e eu (e outros três ou quatro blogueiros) escrevíamos crônicas de amor em um blog. Não, o blog não existe mais, assim como as histórias, que por seus ares de diário e dramas e confidências não fariam muito sentido hoje.
Daí que os anos passam e não mais nos definimos pelas escolhas e inquietações de antigamente; claro que a ansiedade e muitos dos erros antigos se repetem, assim como a lembrança de muitos dos dias bons vividos. Mas chega uma época em que é preciso priorizar alguma coisa. Seja por falta de organização e tempo ou pelo excesso das coisas que abraçamos; ou ainda pela desmotivação ou crise ou pela vontade de largar tudo e recomeçar a vida no interior da Escócia ou Nashville.
Mas... e quanto a amar de novo (ou permanecer amando), como faz?
...
Seja bem vindo ao blog, Marcelo! :) Espero que curtam o trabalho de nosso autor convidado!
Não trago seu amor em 3 dias
Procurar namoro nos dias próximos ao Dia dos Namorados, nunca foi uma boa
ideia. Não vai ser agora que isso irá mudar. Carência não ajuda muito a nossa
capacidade de crítica e acabamos fazendo alguma bobagem que, se pensássemos um
pouquinho mais, não teríamos feito. Arrumamos muitos problemas desnecessários,
mas não precisa ser assim.
Eu sei que é uma grande maldade todas essas propagandas na
tv, internet e rádio dizendo que a melhor coisa do mundo é estar com alguém.
Junte a isso o frio do outono e aquela vontade de sentir um calor que só o
dormir de conchinha é capaz de proporcionar. Temos mesmo bons motivos para
querer namorar o mais rápido possível. O ponto é que pode até suprir nossa
carência momentânea, mas estamos dispostos a pagar o preço por uma decisão tão
intempestiva?
A coisa da propaganda... minha intenção aqui não é fazer
aquele discurso de calouro de curso de ciências humanas e dizer que o Dia dos
Namorados é uma data comercial e bla bla bla. Sim, é uma data comercial, querem
te fazer comprar mais e mais, mas quero falar não sobre o consumismo [embora
ele tenha sua parcela de culpa], mas sobre o efeito emocional que tudo isso
causa e suas consequências.
Emoção pede descarga motora, emoção pede ação. Quando sinto
raiva, quero mais é quebrar a cara de quem me fez raiva. Quando sinto medo
quero fugir daquilo que me amedronta. Quando as minhas emoções me induzem a um
sentimento romântico e carente, quero mais é que tudo mais vá para o inferno e
que tenha alguém muito legal para me aquecer nesse inverno.
Todo o esquema publicitário para o Dia dos Namorados tem o
intuito de te colocar nesse estado apaixonado. São muito bons no que fazem e
conseguem nos convencer direitinho de que estar com alguém, namorando, é o
alívio para todos os nossos problemas presentes. Isso não é verdade. Estaremos
ludibriados por esse mito de que um amor cura tudo e suporta tudo por pouco
tempo e, ali na frente, já estaremos enfadados do(a) nosso(a) novo(a)
companheiro(a).
O ser humano não é o animal mais convicto de suas decisões.
Na Europa existem campanhas que tentam alertar que um amor não pode durar
apenas as festas de fim de ano. Acontece que, passadas as comemorações, muitas
famílias abandonam os animais de estimação que foram dados às crianças como
presente de natal e passaram a ser entendidos como um estorvo no ambiente
familiar, pouco tempo depois. Cruel, não?
Fazemos o mesmo com pessoas. Gostamos da companhia que nos
proporcionam, mas não somos tão afeitos às responsabilidades que nos exigem. Dormir
de conchinha? Ok! Deixar uma atividade prazerosa de lado quando a pessoa com
quem nos relacionamos está com um problema? Não é tão ok assim...
Para dar conta de um relacionamento é preciso lidar com
muitas frustrações e temos que estar dispostos a isso. Quem começa a namorar
induzido por comerciais de 30 segundos não tem essa capacidade de lidar com
adversidades ou frustrações. Não se trata só de não gostar o suficiente daquela
pessoa em específico, mas de se envolver em um relacionamento por motivos mais
egoístas que tudo.
Quem está de dieta tem uma regra a seguir: nunca vá ao supermercado quando está com fome!! A tendência será comprar alimentos que produzem rápida satisfação, mas que proporcionam saciedade por muito menos tempo. Além disso, tendem a ser alimentos com baixo poder nutricional. É a mesma coisa que acontece quando entramos em um relacionamento guiados simplesmente por nossa carência. Caso o único problema decorrente disso seja um presente caro a se pagar várias parcelas mesmo depois do término, menos mal... mas podemos puxar na memória vários casos em que o resultado foi mais desastroso, não?
Mas, olha, quero deixar um adendo muito importante aqui. Se por um lado estou
dizendo dos perigos de começar a namorar por conta de uma data comemorativa e
as publicidades que a envolvem, não quer dizer que não devemos comemorar uma
data bonita que celebre o amor. Vivam, comemorem, demonstrem aos seus parceiros
e parceiras o amor e carinho que sentem por eles. Não só agora, mas o ano
inteiro!
Marcelo Marchiori é psicólogo clínico, especialista em imaginação ativa e interpretação de sonhos. Escreve para o blog de sua clínica Descobrindo Sonhos e pode ser seguido pela sua página no Facebook.
O tempo todo somos induzidos a tomar decisões como essa, seja por pressão da mídia, seja por indiretas nada sutis de familiares. Mas, por mais convicção que tenhamos de que estar com alguém só pra não ficar sozinho não é o caminho que nos levará ao pote de ouro no fim do arco-íris, essa época exerce um apelo diferente e que acaba gerando certa opressão naqueles que ainda não tiveram o prazer de conhecer alguém que valha mais do que dormir de conchinha. Não que isso faça com a gente saia correndo, desesperados por companhia. Só nos faz desejar que o tempo passe mais rápido, para nos livrar de propagandas com mensagens clichês inverídicas e nos sentirmos parte do todo novamente.
ResponderExcluirÓtima reflexão!!!
Um Texto de responsa, viu! O Marcelo está de parabéns.
ResponderExcluirVivemos numa era de relacionamentos superficiais e de pessoas que estão mais apaixonadas pela ideia de se apaixonar, ou então pela ideia de mostrar que tem alguém através de um status na rede social. É tão cansativo isso. Me dá preguiça! E aí acaba um monte de gente entrando mesmo numa relação guiados pela carência e no final ó: "Eu odeio amar", "amar não é bom", "não quero mais namorar, amar, eu quero pegar geral" e até "estou decepcionado com a vida, desiludido, o amor não é bem como eu esperava".
Bjinhos.
Diego, Blog Vida & Letras
www.blogvidaeletras.blogspot.com