navegar pelo menu
junho 04, 2016

O Dogma do Amor Moderno 2, uma crônica de Regiane Medeiros



O Dogma do Amor Moderno - 2
 

Com a iminência do Dia dos Namorados, fica muito difícil (talvez até contraproducente para uma pessoa que escreve Crônicas de Amor rsrs) não falar sobre a data e não se deixar envolver por todo esse clima romântico e até clichê. Mas... quem disse que clichê é ruim? Eu é que não, assim como a personagem de Kate Winslet, em O Amor Não Tira Férias (Columbia Pictures, 2006), “Eu quero uma vida piegas!”. Nah, nem tanto!!! Contraditório? Com certeza. E não é por acaso que me sinto/sou assim.

Faço parte dos quase 90 milhões de solteiros no Brasil (Fonte: IBGE). Alguns amigos dizem que sou exigente demais. Outros, na mesma situação que eu, que eu não procuro, não dou oportunidades. E alguns poucos que parecem estar na mesma situação, sendo cobrados por um status que só nos torna parte de uma estatística. Mais um número a ser computado.

A despeito do que meus amigos dizem não estou solteira porque estou esnobando todos os caras que fazem fila na minha porta. Ao contrário, faz um bom tempo que não recebo um convite decente e pra ser bem sincera os últimos homens que demonstraram interesse por mim eram casados ou noivos – não acho que estou sendo muito exigente por não me envolver com alguém que já está comprometido, não é verdade?


Mas também não estou à procura. Diferente da minha amiga que inspirou a história de Tinderela, eu não me arrisco em sites de relacionamentos, nem fico de antena ligada procurando os solteiros se vou para uma balada, como já vi muitas pessoas fazendo.

Não é que esteja sendo muito metida, exigente ou antissocial (talvez um pouquinho antissocial rsrs). Só que todos os meus relacionamentos surgiram com pessoas que faziam parte do meu círculo de convivência, pessoas com quem eu já tinha algum tipo de ligação. Faz parte do meu jeito de ser, essa necessidade de conhecimento prévio, de um pouco de intimidade.

Porque relacionamento é isso não? Ter intimidade. Compartilhar com quem a gente gosta as nossas músicas favoritas, os livros que nos emocionaram ou empolgaram, os filmes que nos fizeram refletir ou simplesmente nos divertiram, os lugares que funcionam como nosso refúgio ou que nos trazem más recordações. É apoiar um ao outro quando o fardo fica pesado e parecemos carregar o mundo todo nos ombros. É dizer a verdade de um jeito que não machuque, mas que também não seja condescendente a ponto do outro achar que pode continuar cometendo os mesmos erros sem sofrer as consequências. É ouvir e tentar entender quando somos alvos da verdade. 

Mas o que eu vejo muito por aí é bem diferente do que eu penso que é um relacionamento de verdade. Observo casais frustrados porque não conseguem que o outro mude para lhe agradar. Pessoas que se envolvem com outros sem conhecer, só para uma semana depois irem cada um para um lado. Pessoas que aceitam um relacionamento morno só para não ficarem sozinhas e passar datas como essa em um clima de melancolia.

Porque estar solteiro no Dia dos Namorados é como estar à margem do mundo, como olhar pela janela do lado de fora, para uma grande festa à qual você não foi convidado. 


Mas a boa notícia é que isso não é verdade. É sério! Também não é nada da filosofia barata facebookiana de que “O dia pode ser dos namorados, mas a noite é dos solteiros”. 

Você pode aproveitar a data e fazer qualquer coisa que lhe apeteça! Assim como em todos os outros dias do ano! Inclusive, pensar seriamente sobre que tipo de relacionamentos você está cultivando e que tipo de amor você quer para a sua vida.

Mais importante, pense bem na pessoa que está se tornando e o que tem oferecido a quem está ao seu redor. Porque por mais bonita que seja a canção Pra você dar o nome, do coletivo paulista de MPB, 5 a Seco, ninguém quer de fato um amor assim, que te deixa à deriva enquanto tenta se encontrar por aí, nos braços de outros.

“Quero é te ver
Dando voltas no mundo indo atrás de você,
Sabe o que?
E rezando "prum" dia você se encontrar
E perceber
Que o que falta em você sou eu

5 a Seco, Ao Vivo no Ibirapuera, 2012.

Essa até pode ser a nossa realidade, o que mais se vê por aí, mas não é um relacionamento de verdade. Ao menos é nisso que eu acredito e sigo como regra pra vida.


Feliz Dia dos Namorados para você, para mim, pra todos nós!!!



Um comentário:

  1. Oi! Falei sobre o blog de vocês lá no meu hoje, não sei se já consegui comentar isso antes, mas ok! hehe Bjos!! <3

    ResponderExcluir

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial