É primaveeeee-ra... (livros,) te amo! Bom demais começar uma nova estação com novos livros <3 Ainda mais porque em breve estarei em férias, então, hora de "fazer estoque" de leituras! :)
Nesta última semana chegaram dois lançamentos da Editora Rocco e um do Ateliê Editorial. Vamos conhecer estas novidades?
A Cidade Solitária - Olivia Lang
É possível ser solitário em qualquer lugar, mas há um sabor particular na solidão quando se mora em uma grande cidade. A princípio esse estado pode parecer incompatível com a vida urbana e a presença em massa de seres humanos, mas a mera proximidade física não é suficiente para dissipar a sensação de isolamento interno. Em A cidade solitária, Olivia Laing dá continuidade ao trabalho iniciado no celebrado Viagem ao redor da garrafa e volta a articular vida e arte para, combinando reportagem, literatura, biografia e relato pessoal, analisar a solidão a partir de obras de artistas que, em meio ao dia a dia intenso de uma metrópole, lidaram direta ou indiretamente com esse sentimento ou foram perturbados por ele – com destaque para Edward Hopper, Andy Warhol, David Wojnarowicz e Henry Darger.
Aos 30 e poucos anos, a britânica Laing se viu sozinha em Nova York após uma desilusão amorosa. A partir da ausência, se viu abraçando a própria cidade – a miscelânea de mercearias, os rangidos do trânsito, as lagostas vivas na esquina na Nona Avenida, o vapor subindo pelas ruas. Na maior parte dos dias, fazia as mesmas coisas: sair para comprar ovos e café, caminhar sem rumo pelas ruas, sentar no sofá enquanto o vizinho de cima ouvia jazz a todo volume. Aos poucos, foi começando a perceber que sua aparência era como a de uma mulher pintada por Edward Hopper.
O que significa estar solitário? Como vivemos quando não estamos intimamente envolvidos com outro ser humano? De que forma nos conectamos com outros indivíduos? A tecnologia é capaz de nos aproximar ou simplesmente nos aprisiona atrás de telas? Habitada ainda por outros personagens, de Virginia Woolf a Alfred Hitchcock e Greta Garbo, A cidade solitária traz um texto provocativo, comovente e extremamente humano sobre os espaços entre as pessoas – que, inerentes ao ato de estar vivo, podem ser ocupados pelas estranhas e fascinantes possibilidades da arte. O livro foi considerado um dos melhores do ano por veículos como The Guardian, Observer, Telegraph, Times Literary Supplement, Elle e Slate.
TÔ FRITO! Uma coletânea dos mais saborosos desastres na cozinha
Luciana Fróes E Renata Monti
Todo cozinheiro tem uma boa história para contar. Afinal, a culinária é feita de imprevistos, escorregadas, receitas que desandam e que ganham vida própria. Frutos do acaso ou do descaso, quando vistos com outros olhos se transformam em acertos adoráveis. Do leite esquecido ao relento que virou queijo à luta de Dom Pérignon para controlar as borbulhas que fermentavam na garrafa e acabavam estourando. E o que dizer do confeiteiro de Luís XIV que, ao bater muito além da conta o creme de nata com açúcar, deu origem ao chantilly? Na gastronomia brasileira, não é diferente e, vira e mexe, um erro – ou mais de um – vira um acerto. Antes, porém, o desespero que antecede o sucesso vem na forma de um “Tô frito!”, como Claude Troigros costuma exclamar quando passa por situações como essa, com direitos a infinitos erres de seu sotaque francês.
Tô frito! – Uma coletânea dos mais saborosos desastres na cozinha, lançamento do selo Bicicleta Amarela, reúne histórias tão deliciosas quanto os imprevistos na cozinha. O livro é um apanhado de erros que acontecem nesse fascinante mundo da alquimia de odores e sabores, alguns bem-sucedidos, outros nem tanto, que foram parar nos cardápios dos melhores restaurantes brasileiros. Uma coletânea de histórias contadas em primeira pessoa por 20 chefs de destaque, em depoimentos às jornalistas Luciana Fróes e Renata Monti Barreto, que, sem qualquer pudor e com bastante humor – ressaltado nas ilustrações de Paulo Villela –, dividem as saias-justas que encaram todos os dias.
Além de desastres que viraram sucesso, o livro reúne contos e causos ligados ao mundo da gastronomia. O veterano José Hugo Celidônio, que além de chef é ótimo contador de histórias, jamais irá esquecer da vez em que, ao servir frango com cogumelos em papillote (com os cogumelos envoltos em papel-manteiga) viu o casal que pedira o prato devorar tudo! e se deliciar com o papel... Já o empresário do ramo de gastronomia e hotelaria Rogério Fasano quase fora preso ao “contrabandear” uma espécie de minialcachofras que trouxera de Veneza, tudo na vontade de inovar e apresentar novos produtos e sabores aos brasileiros. O que se percebe na leitura de Tô frito! é que, mais que obras do acaso, o sucesso está principalmente na habilidade de seus criadores em lidar com ele e transformar um desastre em uma grande e inesquecível delícia.
Uma leitura reservada até então às crianças e fora de catálogo há muito tempo chega ao público adulto brasileiro: vinte narrativas em imagens e versos criadas nas décadas de 1860/1870 pelo clássico alemão Wilhelm Busch, precursor das histórias em quadrinhos, e traduzidas pelo poeta Guilherme de Almeida nos anos 1940 se tornam novamente acessíveis numa edição bilíngue, comentada e acrescida de manuscritos de tradução. Os virtuosos desenhos do artista, impressos em preto e branco, como em suas primeiras reproduções xilográficas para semanários humorísticos de Munique, dialogam com poemas reveladores de grande domínio da arte versificatória, tanto no original alemão quanto na recriação em português, gerando um elaborado jogo de assimetrias entre palavras e imagem.
Um pouco de história: Em 1857, o estudante alemão Wilhelm Busch, então com 25 anos, interrompeu seus estudos de pintura pela terceira vez – após experiências decepcionantes nas escolas superiores de arte de Düsseldorf, Antuérpia e Munique – e cogitou a possibilidade de emigrar para o Brasil, a fim de se dedicar à apicultura. No entanto, ele só chegaria a este país catorze anos depois, não em pessoa, mas por meio de seus poemas humorísticos ilustrados. Histórias Burlescas e Instructivas, em Versos Coxos Esdruxolos, e de Pé Quebrado se intitula a obra com três histórias buschianas, publicada no Rio de Janeiro, em 1871, pela Typographia Universal Laemmert, fundada por dois irmãos alemães na década de 1830.
Exatamente três decênios após essa estreia, da qual hoje restaram muito poucos indícios, o hábil versificador alemão teria a sorte de ser traduzido por Olavo Bilac (sob o pseudônimo de Fantásio), numa publicação da
mesma editora Laemmert. A presente edição bilíngue reúne os poemas narrativos de Busch traduzidos por Guilherme de Almeida. Seu propósito é, por meio de um aparato crítico aos textos originais e às suas respectivas traduções, resgatar a recepção de Wilhelm Busch do âmbito da literatura estritamente infanto-juvenil, ao qual não se pode reduzir sua arte.
E você, já conhecia algum destes lançamentos? :)
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