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setembro 24, 2017

Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá - Lima Barreto | Ateliê Editorial | Por Mich Fraga


E já temos mais uma resenha no canal! O autor da vez é o carioca Lima Barreto que em 1919 publicou Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá. Lima Barreto foi um dos mais brilhantes autores que o Brasil já teve! Confiram minhas impressões sobre essa obra marcante e numa edição totalmente caprichada pelo Ateliê Editorial :)


Sinopse: O velho Rio de Janeiro se desfigurava com a modernização urbana do início do século XX. Com ela, os valores tradicionais também se transformavam. Gonzaga de Sá é atingido pelas drásticas mudanças. Sua inadaptação o leva a questionar criticamente o que vê, sente e pensa. A vida desse obscuro funcionário, culto e sensível, em meio à mediocridade de um poder público ridículo e nefasto, bem como de uma sociedade frívola e hipócrita, é marcada por longas caminhadas pelas ruas da cidade, a contemplar a rápida destruição da paisagem urbanística antiga e a meditar sobre o surgimento de um mundo em que a alienação humana mais e mais se acentuava, um mundo em que não encontrava mais lugar para si. A Coleção Clássicos Ateliê publica esta nova edição do romance Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá, de Lima Barreto, com texto fidedigno, depurado e estabelecido com o rigor exigido pela metodologia da crítica textual. Um minucioso e lúcido estudo sobre o romance, exclusivo desta edição, é assinado por Marcos Scheffel. Mestre em literatura brasileira, doutor em teoria da literatura, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista na obra de Lima Barreto, Marcos Scheffel, além da leitura analítica e interpretativa de seu ensaio de apresentação da obra, esclarece e comenta aspectos do texto, com proficiência e pertinência, por meio de cerca de quatrocentas notas explicativas.Sugestivas ilustrações do artista plástico Kaio Romero também enriquecem esta edição, com que a Ateliê Editorial homenageia o célebre escritor carioca e, com orgulho, oferece aos leitores. 


Sobre o livro: Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá é um caso raro na literatura brasileira. Apesar de escrito por um dos mais importantes autores nacionais, é um livro pouco lido, pouco conhecido, pouco estudado e pouco editado. No ano em que Lima Barreto é escolhido o autor homenageado da FLIP – Festa Literária de Paraty – a Ateliê Editorial repara este equívoco e lança, em uma edição especial, o romance.

O volume organizado por Marcos Scheffel, professor da UFRJ, traz um texto introdutório com importantes informações ao leitor que ainda não teve contato com a obra: histórico da publicação, um resumo sobre  atuação de Lima Barreto como cronista, um estudo sobre os personagens, informações literárias e as razões sobre as quais esta é uma obra que quase caiu no esquecimento.

Lima Barreto iniciou o projeto de Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá em 1906, mas o livro só foi publicado mais de uma década depois, em 1919. Isso porque, com dois projetos de romances em mãos – Vida e Morte e Recordações do Escrivão Isaías Caminha – o carioca resolve apresentar Recordações para seu editor. A razão está em uma carta de Lima Barreto a Gonzaga Duque: “Era um tanto cerebrino, o Gonzaga de Sá, muito calmo e solene, pouco acessível, portanto. Mandei as Recordações do Escrivão Isaías Caminha, um livro desigual, propositalmente malfeito, brutal por vezes, mas sincero sempre”.

De fato, Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá é um romance com um enredo mínimo  e voltado a questões filosóficas e existenciais. O narrador, Augusto Machado, assume uma postura de discípulo de Gonzaga de Sá, um velho funcionário público, e faz do romance uma espécie de uma biografia deste, reproduzindo conversas  sobre vários temas do cotidiano da cidade e sobre as reformas urbanísticas que estavam em curso no início do século na cidade do Rio de Janeiro. Neste ponto: “Lima Barreto apresenta no livro uma visão histórica que se opunha à visão Positivista (teleológica) que predominava em nosso meio intelectual. Quando havia um coro favorável a soterrar nosso passado colonial, ele trazia uma noção relativa do belo e de uma história que não devia ser lida de maneira linear”, explica o organizador.

Apesar da morte prematura, aos 41 anos, o legado de Lima Barreto à literatura brasileira é de grande importância. Por isso, discutir sua obra e colocar sua produção literária à disposição do público é bastante significativo. “[...]Vida e Morte não mereceu tanta atenção da crítica, dos leitores e do mercado editorial – gerando uma espécie de ciclo de esquecimento. Espero que a partir desta edição possamos ver novos estudos sobre esta importante obra”, conclui Scheffel.


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