Em parceria com a Chiado Editora, recebemos para resenha o livro Receitas de como se tornar um bom escritor, do jornalista paraibano Linaldo Guedes.
Sinopse: “Receitas para se tornar um escritor” traz textos sobre temas diversos que acometem o campo literário, como ampliação do número de leitores de poesia no Brasil, a importância do Concretismo, o papel do leitor diante de uma obra literária, jornalismo literário e a angústia da influência à moda de Harold Bloom, entre outros.
Também reúne textos sobre autores como Sérgio de Castro Pinto, João Cabral de Melo Neto, Paulo Leminski, Augusto dos Anjos, Vinicius de Moraes, Augusto de Campos, José Lins do Rego, Fernando Pessoa, Ariano Suassuna e Padre Antônio Vieira.
O objetivo da obra é, principalmente, provocar o debate sobre como se faz e se produz a literatura nos tempos de hoje, com o advento de novas tecnologias, a exemplo de blogues, redes virtuais e sites. E, também, de reforçar a importância da leitura de alguns autores da literatura.
Os ombros suportam o mundo, assim como a escrita, que de mãos dadas com nossos afetos e influências persiste. Quanto ao texto-de-opinião, que sob a especialidade do Jornalismo Literário encontra em meados do século XX seu lugar na imprensa, especialmente a brasileira, este é ainda um ofício reconhecido por seus alicerces de atitude, subjetividade e posicionamento político. E ainda que a imprensa e o jornalismo de hoje em pouco se aproximem de seus ideais de décadas passadas, e tampouco de seus formatos de circulação, o trabalho do texto enquanto 'agente literário' é ainda necessário, especialmente em uma época onde o gosto e a audiência se (des)equilibram em um jogo de segmentação e também aceitação indiscutível.
Em Receitas de como se tornar um bom escritor, o jornalista e poeta Linaldo Guedes apresenta-nos um apanhado de sua produção textual, que desde o ano 2000 publicada em suplementos da imprensa paraibana e em diversos portais e revistas do segmento literário. Dentre os textos selecionados, há diversos olhares sobre a produção cultural do estado da Paraíba, especialmente a da poesia, que encontra em autores como Sérgio de Castro Pinto (que para nós de outras regiões um 'poeta novo', porém de uma produção artística de mais de quatro décadas), Augusto dos Anjos e José Lins do Rego um grande legado e representatividade. Linaldo Guedes também rememora em seus textos a obra de diversos autores nordestinos, como Barbosa Lima Sobrinho, Rachel de Queiroz, João Cabral de Melo Neto e José Américo de Almeida. Nestes escritos, somos levados a uma reflexão a respeito das fronteiras de nossa literatura, e do quão "regionalistas" somos, em uma acepção errônea do termo, pois que de algum modo pouco nos dedicamos ao legado e história cultural de nosso país. Sejamos honestos: quantos de nós sabíamos que o estado da Paraíba era tão rico em literatura e poesia?...
O encontro com publicações como a de Linaldo, que se desdobra entre a proximidade do gosto e o algum distanciamento do jornalismo, é também uma oportunidade para refletirmos acerca de nossas próprias criações textuais; enquanto leitores-que-comentam-livros, penso ser importante também entender o tanto de opinião que compartilhamos em nossas páginas, assim como o tanto de possibilidades poéticas que apresentamos aos nossos interlocutores. Certamente é da 'natureza' do texto não estar isento em convicções e, de forma perigosa até, ideologias, mas é preciso que ao término de cada parágrafo haja algum objetivo, e também algum vislumbre sobre o que gostaríamos que fosse encontrado pelo leitor em nossas linhas.
Quanto às Receitas em si, o título do livro surge a partir de um comentário de certa forma irônico do autor a respeito de alguns passos comumente conhecidos para se obter o tão sonhado "sucesso artístico"; nesta inquietação sobre a visibilidade e a qualidade da obra em si, o autor nos apresenta uma segunda e terceira provocações: "Escrever se aprende na escola, mas a escola não forma um escritor", assim como "Os poetas não leem os poetas?" (algo a se pensar, não?). E enquanto textos possivelmente publicados em algum suplemento dominical, imagino o quanto de faísca o autor causou em seus leitores e editores! Afinal, apesar dos pesares de uma escrita-de-opinião, este agridoce é também uma importante característica de quem se dispõe ao trabalho de crítica: há que se resistir aos dissabores, assim como às conquistas...
Havendo oportunidade, recomendo a todos a leitura de publicações como esta, da Chiado Editora, que deu espaço a um autor que escreve sem se ausentar, mesmo com todo o risco de seus leitores tanto o cumprimentarem como irem embora de vez. Mas escrever é todo esse risco, e talvez por isso nossa maior insistência.
Hey, você tem lido coisas interessantes heim? Estou adorando os seus novos conteúdos :) E parabéns pela parceria.
ResponderExcluirwww.blogdahida.com
Grato pela resenha.
ResponderExcluirabraços
Grato pela resenha.
ResponderExcluirabraços