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janeiro 12, 2017

Dica Literária | Lista de Livros do Vestibular Unicamp 2017

Há quase um ano fizemos uma lista com os livros do nosso parceiro Ateliê Editorial que estavam nas listas dos principais vestibulares do país. Neste ano, repetimos a proposta compartilhando a lista divulgada recentemente pela Unicamp, válida para as provas de Literatura de Língua Portuguesa do Vestibular 2017. A lista de obras inclui romances, poesia, peça teatral e contos. Confira:





Luís de Camões - Sonetos | Ateliê Editorial

O desejo de plenitude amorosa, as dificuldades existenciais e a injustiça dos homens estão entre os grandes temas do Renascimento presentes na lírica de Camões. Ricos em antíteses e metáforas, seus sonetos estão entre as mais belas expressões literárias da língua portuguesa. A voz reflexiva que se ergue desses versos produz a elevação do espírito e o entusiasmo verbal. Esta edição traz os poemas mais representativos do acervo camoniano, comentados por dois experientes professores de Literatura.





Jorge de Lima - Poemas Negros | Alfaguara / Companhia das Letras

Esta seleção permite um olhar panorâmico sobre a diversificada obra de Jorge de Lima, poeta que percorreu de forma única os caminhos da poesia brasileira — do início parnasiano, passando pelo verso livre, as experimentações com o soneto, até a épica-lírica de Invenção de Orfeu.

O ritmo e a capacidade de evocar imagens são marcantes na obra do poeta. Mas não se pode esquecer seu profundo senso de responsabilidade humana: o olhar atento para a realidade do povo, do negro e da desigualdade social.

Outro aspecto importante é a densidade mística, resultante de uma forte religiosidade. Por trás da complexidade de seus versos, revela-se uma poesia absolutamente singular e sedutora.




Clarice Lispector, Amor, do livro Laços de Família | Editora Rocco

Laços de família, publicado pela primeira vez em 1960, e reeditado pela Rocco dentro do projeto que incluiu novo padrão gráfico e revisão da obra de Clarice pela especialista em crítica textual Marlene Gomes Mendes, é um tesouro da ourivesaria literária. São treze contos, hoje tidos como clássicos. Entre eles, os festejadíssimos "Amor", "O crime do professor de Matemática", "O búfalo" e "Feliz aniversário", adaptado para a televisão por Ziembinsky.

Neles os personagens são sempre surpreendidos por uma modalidade perturbadora do insólito, no meio da banalidade de seus cotidianos. Clarice cria situações onde uma revelação, que desconstrói e ameaça a realidade, desvela a existência e aponta para uma apreensão filosófica da vida. Em Laços de família, Clarice aprofunda sua técnica narrativa em uma abordagem quase fenomenológica.

Trata a solidão, a morte, a incomunicabilidade e os abismos da existência através da rotina de dona-de-casa ("Devaneio e embriaguez duma rapariga", "Amor", "A imitação da rosa"), do mergulho trágico em uma festa familiar nos 89 anos da matriarca ("Feliz aniversário"), da domesticação da natureza mais selvagem das mulheres ("Preciosidade", "O búfalo"), ou dos pequenos crimes cometidos contra a consciência, como o drama do professor de Matemática diante do abandono e da morte de um animal. São lições de vida na prosa definitiva e transcendente de uma sacerdotisa da nossa literatura.


Guimarães Rosa, A hora e a vez de Augusto Matraga, do livro Sagarana | Editora Nova Fronteira

Guimarães Rosa é, por seus experimentos lingüísticos, sua técnica e sua inventividade, o mais completo renovador de nossa ficção. segundo Alceu Amoroso Lima, trata-se de 'autor absolutamente inqualificável, a não ser nas categorias do gênio, isto é, dos grandes isolados'. Apresentando a paisagem e o homem de sua terra numa linguagem já então exclusiva, Guimarães Rosa fez de Sagarana a semente de uma obra cujo sentido e alcance ainda estão longe de ser inteiramente decifrados.

(Ps: Livro esgotado em muitos sites. De repente vale entrar em contato com a Nova Fronteira. Ah, existe uma edição de bolso deste conto publicada pela Editora Saraiva. Vale a pesquisa também!)


Monteiro Lobato, Negrinha, do livro Negrinha | Globo Livros (Na Livraria da Folha você encontra uma edição apenas com o conto)

"Negrinha" (Editora Globo), originalmente publicada em 1923, após o sucesso de "Urupês", forma um painel que coloca lado a lado a farsa e o sarcasmo, a tragédia e a compaixão, construindo alguns tipos nacionais da época, como o burguês escravocrata e o ex-escravo sofredor.

O conto, drama da filha de uma ex-escrava nas mãos da patroa, é o que dá título à obra. Os personagens das histórias formam um retrato da população brasileira do início do século 20, com os quais Lobato denuncia os bastidores de uma sociedade patriarcal.

É uma forte crítica que deixa transparecer os vestígios de uma persistente mentalidade escravocrata da sociedade, mesmo décadas após a abolição.



Osman Lins - Lisbela e o prisioneiro | Editora Planeta de Livros

Original de 1964, o livro que inspirou o filme de Guel Arraes é uma comédia com referências nordestinas.

A fidelidade de Osman Lins à busca de uma expressão própria na ficção, decorrente de uma recusa à cômoda retomada do já conquistado e de uma fé inabalável no poder criador da palavra, foi reconhecida e admirada pela crítica brasileira e estrangeira, com raras exceções. No entanto, ele é um autor ainda pouco difundido. Por isso é oportuna esta publicação de Lisbela e o Prisioneiro.

Esta obra permite ao público entrar em contato com o texto, no registro dramático, de um autor meticuloso no uso da palavra e na arquitetura da peça. Lisbela e o Prisioneiro foi sua primeira peça a ser encenada com sucesso. E com certeza, é a que até hoje teve mais alcance de público. Se muito da fama de uma peça deve ser creditado ao trabalho de direção, ao desempenho dos atores, à cenografia, ao figurino, à iluminação, ao som; outro tanto pelo menos também deve ser atribuído ao texto do dramaturgo.

(ps: em breve vai rolar resenha do Lisbela aqui no Blog <3 Nossa amiga Regiane já está com o seu exemplar em sua prateleira)




Aluísio Azevedo - O cortiço | Ateliê Editorial

No Rio de Janeiro do final do Império, o cotidiano miserável de uma habitação coletiva. Em seus cubículos amontoam-se os desfavorecidos e marginalizados da sociedade, com suas agruras e percalços na luta pela sobrevivência.

Trabalhadores modestos, imigrantes, malandros, prostitutas... Em meio a tantos personagens marcantes, o protagonista deste livro é o próprio cortiço, que parece adquirir vida própria e arrasta tudo e todos com seu ímpeto de degradação.

Se O Cortiço é dos romances mais contundentes da literatura brasileira, este volume possui atributos que o convertem na melhor edição do clássico de Aluísio Azevedo. Além de texto estabelecido conforme a última edição em vida do autor, contém iconografia histórica e notas de rodapé por Leila Guenther. O ensaio de apresentação foi escrito por Paulo Franchetti, que, revisando noções consagradas, oferece argumentos para uma nova leitura do romance.


Camilo Castelo Branco, Coração, cabeça e estômago | Martins Fontes

Neste livro, o leitor encontrará um dos momentos mais luminosos da obra do autor: uma novela satírica, na qual o que dá a solda dos vários episódios soltos e razoavelmente simples é o estilo e o jogo entre as instâncias narrativas e autorais. Por conta disso, Coração, cabeça e estômago talvez seja, dentre todos os de Camilo, o livro que reúna mais probabilidades de permanecer como referência viva para a prosa contemporânea de língua portuguesa ao longo do século que se inicia.

Sobre o autor: Um dos escritores mais lidos no Brasil durante o século XIX, Camilo Castelo Branco é uma referência importante para se compreender os rumos da ficção brasileira dos períodos romântico e realista. Foi o primeiro escritor português a viver apenas do seu ofício. Numa sociedade que não dispunha de um número expressivo de leitores, num tempo em que os direitos autorais estavam começando a ser reconhecidos, Camilo teve de escrever muito. Suas obras contam-se em centenas: foi poeta, teatrólogo, novelista, crítico literário e tradutor de grande atividade. O espantoso, no caso, não é que tenha escrito tanto, mas que tenha escrito tanto e tão bem sobre um enorme leque de assuntos, versados em vários gêneros.

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Érico Veríssimo, Caminhos Cruzados | Companhia das Letras

Neste romance, Erico Verissimo narra episódios da vida de duas dezenas de personagens na Porto Alegre da década de 1930 e tece uma crítica incisiva aos desníveis sociais e à hipocrisia moral de nossa sociedade. Com apresentação de Antonio Candido e prefácio de Moacyr Scliar.

Influenciado pela técnica de intrigas entrelaçadas e pela ausência de personagem principal da ficção de Aldous Huxley, Erico Verissimo escreveu Caminhos cruzados, tendo como cenário uma Porto Alegre onde já se confrontavam modernização e miséria, luxo e desencanto.

Sem narrar acontecimentos de vulto, o autor expõe o nervo da fragilidade humana. Sua capacidade de fabulação ainda hoje provoca impacto e lança um apelo à sensibilidade.


José de Alencar, Til | Ateliê Editorial

Til é o apelido de Berta, moça que se envolve nas mais intrincadas tramas, sempre buscando ajudar os que precisam. Capaz de enfrentar jagunços, Berta não mede esforços ao buscar a realização de seus intentos. Violências, mistérios e triângulos amorosos constituem esta história.

Além do texto fidedigno de Til, o presente volume contém o primeiro ensaio sistemático sobre o romance de José de Alencar. Nele, Ivan Teixeira desenvolve a hipótese de que, por trás de aparente ingenuidade romântica, a narrativa esconde uma densa investigação poética da existência. A obra conta ainda com notas de esclarecimento ao texto de Til, em que se discutem aspectos de construção narrativa e de sentido literário, e um extenso glossário de termos considerados estranhos ao leitor atual. As ilustrações são de Sergio Kon.


Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas | Ateliê Editorial

Publicado em 1881, “Memórias póstumas de Brás Cubas” é um dos mais famosos romances de Machado de Assis, um marco na literatura brasileira. Narrado por um defunto autor, uma voz irônica que se dirige constantemente ao leitor, a trama começa com o enterro de Brás Cubas, passa por seus delírios, volta à infância do personagem e, de forma nada linear, traz para o centro da cena vários episódios da vida desse excêntrico narrador.

Apesar desse mote fantasioso, o primeiro grande livro de Machado de Assis é um retrato realista do Segundo Reinado brasileiro. De maneira crítica e bem-humorada, o defunto conversa com o leitor para narrar casos de adultério e tramas políticas da elite do período. Além de um ensaio estimulante sobre o texto machadiano, o professor Antônio Medina Rodrigues preparou mais de 500 notas que explicam a obra e seu contexto.


Mia Couto - Terra Sonâmbula | Companhia das Letras

Primeiro romance de Mia Couto, Terra Sonâmbula é uma verdadeira aula sobre a velha arte de contar histórias. No Moçambique pós-independência, mergulhado em uma devastadora guerra civil, um velho e um menino empreendem uma viagem recheada de fantasias míticas.

Um ônibus incendiado em uma estrada poeirenta serve de abrigo ao velho Tuahir e ao menino Muidinga, em fuga da guerra civil devastadora que grassa por toda parte em Moçambique. Como se sabe, depois de dez anos de guerra anticolonial (1965-75), o país do sudeste africano viu-se às voltas com um longo e sangrento conflito interno que se estendeu de 1976 a 1992.
O veículo está cheio de corpos carbonizados. Mas há também um outro corpo à beira da estrada, junto a uma mala que abriga os 'cadernos de Kindzu', o longo diário do morto em questão. A partir daí, duas histórias são narradas paralelamente: a viagem de Tuahir e Muidinga, e, em flashback, o percurso de Kindzu em busca dos naparamas, guerreiros tradicionais, abençoados pelos feiticeiros, que são, aos olhos do garoto, a única esperança contra os senhores da guerra.

Terra Sonâmbula - considerado por júri especial da Feira do Livro de Zimbabwe um dos doze melhores livros africanos do século XX e agora reeditado no Brasil pela Companhia das Letras - é um romance em abismo, escrito numa prosa poética que remete a Guimarães Rosa. Couto se vale também de recursos do realismo mágico e da arte narrativa tradicional africana para compor esta bela fábula, que nos ensina que sonhar, mesmo nas condições mais adversas, é um elemento indispensável para se continuar vivendo.

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